Eduardo Baptista radicaliza e explode o vestiário na reta final do Brasileirão. A manobra dará certo?

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O futebol é uma guerra sem armas. Esporte que exige estratégias e planejamento. Não admite improviso. É imperioso utilizar todos os trunfos. Aparar arestas, exterminar as rivalidades e fomentar a união para conseguir aquilo que parece impossível. Pois o técnico da Ponte Preta, Eduardo Baptista quebra todos os paradigmas. Quebra a cartilha do futebol e literalmente “explode” o vestiário da Macaca após o empate com o Coritiba por 1 a 1.

Na entrevista coletiva, ao ser perguntado se Emerson Sheik não deveria encontrar-se no estádio Couto Pereira, a resposta foi seca e certeira: “Ele tinha de estar presente, pelo menos tentou até o último momento. Mas como você disse, um jogador de 39 anos. Tenho que achar soluções, foi para isso que eu vim. Os problemas já estavam instalados. Que bom que o Léo Gamalho veio e se encontrou. Eu conto com quem está à disposição. É premiar os atletas que vieram e se doaram. O Wendel, mesmo sem condição, se colocou à disposição. Isso tem de ter enaltecido. Quem veio, se doou. A situação não está fácil, e jogador que se coloca à disposição nessa situação é muito importante. São esses caras que vão tirar a Ponte dessa situação, disse o treinador.

Após descartar o camisa 11, não teve pudor ainda de excluir o retorno do volante Fernando Bob: Não perdi ninguém, a equipe está mantida, com o grande jogo que fizemos. É dar sequência, sou de dar sequência. Feliz é aquele que aproveita a oportunidade. O Gamalho aproveitou, o Léo Artur aproveitou. Não vou ter tempo para treinar, não tem porque mudar. O time é esse. Se mudar, será por alguma lesão, tempo de recuperação. É premiar aqueles que vieram, deram a vida e lutaram. É dar o prêmio para quem iniciou o jogo, completou.

É um movimento arriscado. Se der certo e a Ponte Preta permanecer na divisão de elite, Eduardo Baptista estará consagrado. Poderá bater no peito e dizer que será o principal feito da carreira. Até maior do que os seus tempos de Sport. Um revés trará uma marca negativa ainda maior.

Não dá para saber o resultado. Informações estão disponíveis de todos os lados para levar a conclusão de que o treinador está certo ou equivocado. Pelos números frios, o afastamento de Emerson Sheik é justificado. Para começar, a ausência nos jogos longe de Campinas. De acordo com reportagem deste Só Dérbi, dos 141013 Km percorridos pela Macaca neste Brasileirão, Emerson Sheik viajou 5.052 Km, o que dá 35,82% do total. Dentro do campo, os dados não agradam. Em 23 jogos, o jogador marcou quatro gols e colaborou com uma assistência. Se por um lado esteve em campo em 74% das vitórias da equipe no Brasileirão, também esteve presente em 11 das 16 derrotas da equipe (68,7%). Vale destacar que Emerson esteve ausente em 11 jogos da equipe. Neste período: 2 vitórias, 4 empates e 5 derrotas.

Mas tais informações não pode apagar que Eduardo Baptista descarta um jogador de 39 pontos, campeão brasileiro por Flamengo, Fluminense e Corinthians, além de Campeão da Libertadores e títulos marcantes. Não, Sheik não é maior do que a Ponte Preta. Longe disso. Mas não é um atleta qualquer para ser descartado ou definido como alguém que não acrescenta.

A análise é aplicada ainda para Fernando Bob. Ninguém está feliz com seu futebol. Nem ele. Toma cartões bobos, está pilhado em demasia e longe da técnica de antigamente. O torcedor tem centenas de motivos para considerar o volante uma decepção e de querer vê-lo distante. No entanto, Eduardo Baptista não está no papel de torcedor e sim de treinador. Deveria pensar em encontrar uma maneira de recuperar um jogador que certo dia fez atuações estupendas na Copa Sul-Americana de 2013, em Brasileirões e que isso lhe abriu portas posteriormente para transferir-se ao Internacional. Detalhe: não abandonou o time no meio do caminho. Esperar o término do contrato para anunciar seu destino. Retornou pela porta da frente e fez bom Campeonato Paulista de 2017. Pergunta: não custa tentar recuperar um atleta com esse currículo?

Repito: Eduardo Baptista poderia subverter todas as regras e triunfar com a explosão do ambiente do vestiário da Ponte Preta. No entanto, é impossível ignorar que resolveu dar um cavalo de pau em um transatlântico. Tomara que a lógica seja derrotada.

(análise feita por Elias Aredes Junior)