Emerson Sheik e a dura lição: a Ponte Preta não precisa de caridade profissional e sim de gente com carinho pela instituição

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Entrevistas coletivas podem se constituir em uma cilada. A declaração de amor de hoje é a negação de amanhã. O elogio dito na euforia pode colocar o interlocutor em situação delicada no futuro.

Este pensamento se verifica ao colocar o holofote sobre Emerson Sheik, apresentado nesta sexta-feira (19) como reforço do Corinthians para o Campeonato Paulista.

Após beijar a camisa e fazer juras de amor, o atleta de 39 anos não teve pudor em descrever como se sentiu na Ponte Preta e o seu consequente rebaixamento.

Leia com cuidado: “O que aconteceu na Ponte no ano passado certamente ajudou para que eu estivesse aqui hoje. Na Ponte Preta, eles têm uma grande dificuldade de estrutura, de dar condições para o atleta trabalhar em alto nível. E não estou falando mal da Ponte Preta, esse é um problema de muitos no cenário nacional. E, ainda assim, com todos os probleminhas e dificuldades, com a minha idade, consegui fazer bons jogos. Isso me credenciou. “Ah, mas a Ponte caiu”. Caiu por um monte de coisa. É óbvio que minha história no clube ajudou, mas se eu não tivesse jogado no ano anterior não estaria aqui hoje. A Ponte me abriu as portas e, apesar do que aconteceu, que não foi legal, eu fiz boas partidas”.

Apesar da política de boa vizinhança, o jogador não deixou de tocar na ferida: as condições de trabalho na Macaca são inadequadas. Um discurso, aliás, que contraria toda a defesa feita por Sérgio Carnielli, Vanderlei Pereira e outros integrantes da antiga diretoria, que enalteciam as contas em dia e a infraestrutura colocada à disposição dos atletas e comissão técnica.

Quando foi apresentado no dia 12 de maio, o discurso de Emerson Sheik era bem outro. “Me sinto feliz em vestir essa camisa que muitos grandes vestiram, me sinto lisonjeado. Recebi algumas propostas, mas a Ponte tem um projeto para 2017 que me encantou”, disse na ocasião.

O episódio com Emerson Sheik demonstra que, por mais que ele tenha se dedicado e feito bons jogos, sua relação com a Macaca era profissional e não tinha um pingo de carinho. Ou seja, relevar as dificuldades. Qualquer medalhão que se preze e que desembarque na Macaca terá idêntico comportamento. Ou Borges, Marcinho e outros menos cotados tiveram comportamento semelhante?

O comportamento de Sheik é típico de sua categoria. Qual a saída então? Apostar em atletas desconhecidos, com boa capacidade técnica e que tenham fome e vontade de vencer. Sem contar os garotos das categorias de base. Podem ser limitados, mas a relação com a Ponte Preta sempre será de apego, sentimento e de gratidão quando a carreira decolar.

Que a nova diretoria da Ponte Preta aprenda e mude o rumo.

(análise feita por Elias Aredes Junior)

1 Comentário

  1. Concordo plenamente. Chega de medalhões! Queremos uma categoria de base cada vez mais forte para abastecer o time profissional. No mínimo, deveriam subir 1 ou 2 jogadores para o profissional com condições de serem titulares e mais uns 2 para compor o elenco. Medalhões são abutres.