Empate expõe falha em montagem de elenco e dependência por Lucca

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O empate por 0 a 0 contra o 19º colocado Avaí no último domingo, em Florianópolis, expôs um problema no elenco da Ponte Preta. O time de Gilson Kleina sofre com uma dependência por Lucca. Sim, apesar de ter atuado na partida contra os catarinenses, os números após 11 rodadas do Campeonato Brasileiro evidenciam a responsabilidade do camisa 9 da Macaca, que praticamente não pegou na bola contra o Leão.

Dos 12 gols marcados pela Ponte Preta no Brasileirão, sete foram de Lucca e outros dois contaram com assistência dele. Significa, na prática, uma dependência de 75% dos gols feitos pela Macaca. Ele só não participou de três gols do time na competição e todos contra o Sport, na goleada por 4 a 0, quando o time ainda tinha Clayson (responsável por marcar dois).

Dos 40 gols marcados no ano pela Ponte Preta, Lucca participou de 55% deles com gol ou assistência. São 15 tentos marcados na temporada e sete passes que se converteram em gols dos companheiros. Só no Brasileirão, a média de finalizações do atacante é superior à média do elenco. Além disso, dos 38 chutes em direção ao gol adversário 16 foram de Lucca em 11 rodadas.

Na última rodada, diante do Avaí, a Ponte finalizou duas vezes contra o gol de Douglas – dois chutes de Lucca e um de Lins. Mas, sem as presenças de Renato Cajá e Emerson Sheik, o jogador alterou sua função no primeiro tempo e atuou longe da área. Depois, no segundo tempo, atuou mais próximo do gol adversário, mas sem a presença de um legitimo armador a bola, pouco foi utilizado na partida.

Dos 482 passes da Ponte Preta apenas 23 passaram pelos pés do principal jogador. A dificuldade também foi exposta pela fragilidade dos laterais na partida. Jeferson não obteve o mesmo volume de jogo em relação a Nino Paraíba – um dos líderes de assistência no grupo. No lado esquerdo, Fernandinho teve atuação abaixo da média e assim como João Lucas pouco convenceu.

O principal problema na montagem do elenco está na ausência de jogadores com características de Renato Cajá ou Emerson Sheik, eles têm revezado na função de servir Lucca. Velocistas, Léo Artur, Claudinho e Lins não desempenharam com qualidade essa função e no banco de reservas contra o Avaí não havia nenhum atleta com características para tal função. O volante Wendel, que chegou a atuar neste setor do campo no ano passado, tem sido preterido por Jadson e outros atletas.

Jogadores com características de jogo semelhantes não estão à disposição de Gilson Kleina. O meia Xuxa foi contratado para ser uma peça utilizada nas ausências de Cajá, mas tem sofrido com problemas físicos. Ravanelli foi negociado com o futebol russo e o dinheiro deve ser utilizado na contratação de jogadores no mercado sul-americano, mas para funções mais ofensivas.

(texto e reportagem: Júlio Nascimento)