Entrevistas coletivas de Brigatti: estratégia para unir o elenco? Delírio? Ou jogada (bem dada!) para reconstrução emocional?

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Resistência é a palavra que definia minha reação a cada entrevista coletiva concedida por João Brigatti. As frases pareciam repetidas, as ideias não traziam novidades e os elogios direcionados aos jogadores pareciam excessivos. Com o tempo, passei a trilhar outra direção: a de que isso poderia ser uma estratégia da comissão técnica para trabalhar a parte emocional. E se não há tal intenção, certamente o efeito colateral acontece.

Explico: a entrevista com os jornalistas na atualidade é o acontecimento que coloca os treinadores no palco. Eles podem mandar recado, espinafrar os profissionais de imprensa, analisar o jogo ou justificar erros aos torcedores. Ou fazer a autopromoção. Neste quesito, Renato Portaluppi é infalível.

Cada um faz o que bem entende com aqueles minutos reservados. E digo sem medo de errar: Brigatti utiliza a entrevista coletiva para conversar diretamente com os atletas.

Relembre: quando assumiu a Macaca, logo após a saída de Gilson Kleina, o novo técnico encontrou atletas cabiscaixos, destruídos moralmente e submetidos a um massacre nas redes sociais e nos programas esportivos. Afinal de contas, o rebaixamento no Paulistão parecia líquido e certo. Poucos acreditavam. E esse clima de baixo astral transcorreu durante toda a pandemia.

A bola rola novamente e a cada vitória, boa parte da torcida enaltecia a raça do time, mas chamava atenção para sua limitação. E agora na Série B reclama do futebol apresentado.

Nas duas ocasiões, Brigatti atua como escudo. Indiretamente transmite mensagens ao vestiário. Na primeira vez dizia indiretamente conceitos como “vocês têm valor” ou “eu confio em vocês”. Agora, é como se dissesse de maneira insistente que os atletas não tem culpa. Apenas cumprem ordens suas. E tudo dará certo.

Apesar da imprensa encontrar-se fora dos treinamentos, tenho convicção de que a credibilidade do treinador com o elenco melhorou barbaramente. Confiam no treinador e na sua entrega ao trabalho.

Resumo da ópera: enquanto reclamamos do lado de fora, os jogadores e a comissão técnica estreitam os laços. E as entrevistas coletivas, queiramos ou não, têm participação nisso. Sorte de Brigatti e da Ponte Preta.

(Elias Aredes Junior)