Especial: Por que o Só Derbi não desiste?

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A vida por vezes pede reflexões. Mudanças de rumo. Ou uma radicalização para firmar posições. O jornalismo não é diferente. Este Só Derbi não é diferente. O responsável e colunista do site não adota roteiro torto e diferenciado. Perguntas saltam na mente: por que não desistimos? Por que não jogar tudo para o alto, esquecer o que foi conquistado e deixar que o futebol de Campinas viva afogado na disputa de ego e poder que assola há 20 anos os dois estádios?

Motivos não faltam. Não digo nem a respeito dos dirigentes. Estes detestam o jornalismo feito pelo Só Dérbi. Que bom. Sinal de que o caminho é o correto. Cobrar, fiscalizar e pressionar o poder. Sem cessar. Demonstrar por A mais B que a penúria vivida pelo futebol campineiro há 20 anos temperada com alguns lampejos é fruto da safra mais incompetente de cartolas história. Contratam mal, dirigem de maneira péssima e são incapazes de realizar autocritica. Arrogância em estado bruto. E na veia.

Não imagine  que o jornalista é um ser imutável e imune a boicotes. Ou falta de apoio. Somos humanos.

Confesso minha perplexidade quando vejo torcedores que apesar dos resultados decepcionantes e de fatos sombrios nos bastidores se recusam a ver a verdade. Não aceitam a queda de patamar. Pior: transforma em inimigo quem expõe os fatos. Função do jornalismo.

Assim como todo o Brasil, somos reféns de um modelo de jornalismo voltado exclusivamente ao entretenimento. Diversão pela diversão. Zero de espirito crítico. Nada de reflexão. Sem fazer a relação do futebol com outras áreas da vida humana. Transformar o esporte responsável em traduzir a história do nosso país em algo amorfo, sem vida, vazio e artificial.

Não pensem que os patrões das emissoras de comunicação e dos jornais espalhados pelo país impõe tal linha editorial. Sou capaz de dizer que, hoje, a maioria dos jornalistas esportivos acreditam que este é o caminho. Entretenimento, alienação e sugar até a última gota. O 7 a 1 não aconteceu à toa. Nós, jornalistas, somos cúmplices. Em Campinas, em São Paulo e em todo o Brasil.

O limbo pontepretano não é fruto do acaso. O ostracismo bugrino não é acidente de percurso. Ora, se tudo é tão claro e cristalino, se quase ninguém quer lutar, por que continuar? Para que continuar?

A resposta é mais simples do que parece. Nestes dois anos, o Só Dérbi não revelou apenas jornalistas focados em noticiar o que ocorre nos clubes de Campinas e propor o debate sobre as nossas mazelas. As áreas de comentários, tanto no site como no Facebook, estão lotadas não de leitores e sim de gente com espirito quixotesco, inconformados e determinados a exercerem o seu espirito crítico. Gente que não se conforma com 20 anos de uma dinastia que corrói o clube mais velho do Brasil; gente cansada de ver um clube com a estrutura do Guarani envolvido em um sonho de um titulo que foi importante, mas não move as ambições do presente e do futuro. Essa gente não se contenta com pouco. Quer mais. E chegou a conclusão de que é preciso adotar uma nova estratégia e uma maneira de ver, analisar e fazer futebol. O passado é referencia, mas não é cartilha dura e concreta.

Querem que Ponte Preta e Guarani façam jus ao fato de encontrar-se em uma cidade com quase 1,2 milhão de habitantes e uma região metropolitana de 3,3 milhões. Ou seja, todos os predicados para ser cabeça e não calda.

Leitores e jornalistas que incutiram na mente que o mundo mudou e as informações mudam a cada segundo ou é preciso deixar o provincianismo e a mediocridade de lado e apostar com força no jornalismo em estado bruto. Sem medo e sem amarras.

O leitor do Só Dérbi é o seu combustível. Seu principal patrimônio. Somos minoria, mas uma minoria consciente e que deseja o melhor para Campinas e seus clubes. Um dia seremos a maioria. Não vamos desistir.

(editorial escrito por Elias Aredes Junior)

9 Comentários

  1. Eu acompanho Tudo do SoDerbi e tenho muito a elogiar e agradecer, as vezes não concordamos com uma crítica não significa porém que estão no caminho errado, muito pelo contrário, continuem firmes e fazendo algo “diferente” como fazem, pois a verdade doi, porém cura e reanima…

  2. Parabéns ao Só Derbi pela obstinação e honestidade. Chega de jornalistas chapa branca, comprados ou bobocas mesmo.

  3. Elias, parabéns pelo espaço e pela sua dedicação. Discordo do amigo acima quando diz que há parcialidade em favor da aapp. Ultimamente seus textos sobre aquele time criticam sim os erros que lá existem (apesar de que poucos aapptanos os veem. Acham que está tudo lindo).
    Siga em frente. Sempre leio seus artigos, apesar de normalmente usar este espaço para provocar e tirar onda das peruinhas. Mas isso faz parte da rivalidade…
    Abraço!!

  4. Ninguém gosta de ver o Rei nu. Ao soberano cabe as melhores e mais caras roupas e acessórios. Ainda bem que existem pessoas que enxergam, e não apenas vêem. Todos pagam um alto preço pela lucidez. Qual a saída ? Mais garotinhos para gritar na frente de todo mundo que o Rei está nu, e lucidez,muita lucidez.

  5. Me espanta ver parte da imprensa campineira que outrora tratava um time de Campinas como se fosse o Barcelona do interior e que, da noite para o dia, muda radicalmente de opinião. Agora esse time é imprestável. Quem busca informação vai descobrir: 42 processos trabalhistas no ano passado, 6 processos trabalhistas este ano, um montante de quase R$ 30 mi em ações trabalhistas. (fonte: GE e RAC). Será que o rebaixamento foi pura falta de sorte ? Quando tudo está escancarado, inclusive refletido dentro das 4 linhas, parece que o conto de fadas ou a fábula contada não cola mais. Eu vejo que a bajulação em excesso por parte de alguns profissionais maquia, esconde a realidade, já que muito torcedor quer continuar vivendo desse devaneio e esse profissional quer agradar o seu leitor, ouvinte, espectador. Além disso, tem o dirigente de clube que só quer ouvir elogios e é atendido por esse tipo de profissional. É um erro muito comum que vejo. O profissional baba-ovo.

    Esse não é o caso do pessoal do SóDerbi.

    Gosto muito dos questionamentos, das abordagens feitas ao Guarani, críticas, cobranças, fatos verdadeiros, pois sem esse “enfrentamento de idéias”, não há debate construtivo. Claro que nem sempre vou concordar com uma ou outra matéria, mas tudo isso é muito válido. Todos queremos ver o Guarani se reerguendo, lógico com exceção do rival.

    Toda a equipe está de parabéns. Parabéns pelo texto Elias.

  6. Poxa Luizão. Não vi dessa forma mas te entendo. Já passamos (e continuamos) por tantos momentos difíceis que tudo parece jogar contra nós. Eu não acho que seja o caso desse espaço mas tudo bem. Respeito sua opinião. Vamo que vamo! HSG

  7. Sou bugrino e leio o site diariamente em busca de matérias e opiniões (que é o diferencial do site). Continuem!!!
    Luizão, cale a boca ou faça melhor ao invés de só encher o saco de quem está diariamente nos trazendo notícias do Guarani, que pouco espaço tem na mídia pois já não somos clube grande há muitos anos. Seu sonho é maior que a realidade

  8. Não foi em 1995 mas será em 20 ou 21…vai ficar igual ao SJEC. Na 4a divisão, levando uns 800 “torcedores” e fora de qualquer vitrine.