Especial: quem tem medo de Sérgio Carnielli? Por que o presidente de honra tem receio de conversar com a opinião pública?

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Aviso de cara: o artigo será duro. Durissimo. Ninguém sairá ileso. Porque em algumas ocasiões não há como. E como analista de futebol e jornalista, o meu compromisso é com fatos. E oferecer dividendos para que as pessoas tirem suas próprias conclusões. Passo inicial é dizer em alto e bom que a Ponte Preta vive uma crise institucional grave. Gravíssima. E que dependendo do desfecho poderá comprometer o seu futuro. Não é exagero.

Queiramos ou não o personagem central é Sérgio Carnielli. Excetuando-se Vanderlei Pereira, todos os mandatários que ocuparam a cadeira presidencial desde 2011 estão rompidos com ele.

Ex-presidente Nivaldo Baldo sempre mostrou espirito critico com Carnielli, mesma postura de Marcos Garcia Costa e Peri Chaib. E os outros?

A saber: José Armando Abdalla e Márcio Della Volpe. E especulações dão conta de que Sebastião Arcanjo está indo pelo mesmo caminho. Se esticarmos o leque, ex-presidentes do passado não querem diálogo com o presidente de Honra.

Nomes: Marcos Garcia Costa, Nivaldo Baldo e Peri Chaib.  Se fosse uma conversa entre amigos, vá lá. Que cada um resolva seus relacionamentos. Mas o que está em jogo é a a instituição.

De Marcos Garcia Costa, Peri e Baldo não há um “A” para ser cobrado. Estes ex-dirigentes já externaram em reuniões do Conselho Deliberativo suas indignações e inconformismo com atitudes e posturas de Carnielli. Transparência. Papo reto. Agora, e os outros? O que justifica o silêncio? Se existia alguma conduta errônea ou equivocada por parte de Carnielli o que leva a resolução do silêncio. Medo? Pavor de retaliação?

São perguntas que devem ser feitas. E respondidas ao principal interessado: o torcedor da Ponte Preta. Que é o verdadeiro e único dono do time. O silêncio e a saída de cena só produzem prejuízo.

Carnielli não pode ser isentado. Até os pássaros que cantam na praça Francisco Ursaia sabem decor e salteado que ele influencia e muito nos destinos do clube. Dá seus palpites na escolha de técnico e jogadores. Exemplo clássico: ele pode negar mas a vinda de Marcelo Oliveira só veio com sua anuência. Fato. Ele tem todo direito de negar  mas todos sabem que é verdade.

Pergunto: o que motiva o silêncio de Carnielli? O que custa ele conceder uma entrevista coletiva para esclarecer esses e diversos pontos? Do que ele tem medo? Qual o receio? Aliás, reforço: entrevista para A ou B é remendo. Tem que ser uma entrevista coletiva para que ele se submeta ao escrutínio de diversas vertentes editoriais. É licito pedir tal atitude.

Ele é o principal entusiasta da Construção da Arena e até agora não houve qualquer esclarecimento sobre o destino do empreendimento após o falecimento de Walter Torre. E falo em tom de autocritica: nós, cronistas esportivos, precisamos parar de tratar Carnielli como uma figura inexistente ou que não é um personagem decisivo no dia a dia da Macaca.

Seria o mesmo que ignorar o papel de Ulisses Guimarães durante o governo Sarney. Ou de Antonio Carlos Magalhães nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso. Ou de José Dirceu nos oito anos de Lula. É falha que não pode passar.

Presidente de Honra tem participação vital na história da Ponte Preta. Mas ele também erra. Como qualquer outro

Este Só Dérbi é o único que faz artigos críticos a respeito do presidente de honra. Recebe inúmeras acusações e criticas, todas caluniosas e difamatórias. E por ser um dos únicos parece que existe um clima de perseguição.

Nada disso. Vou repetir: Sérgio Carnielli foi um personagem vital na história da Macaca no final da década de 1990. Salvou o time da falência. Foi preponderante para retomar a competitividade. Quando teve a humildade de delegar funções no futebol, os frutos foram colhidos. E ele saboreou. Com justiça.

Só existe um porém. Ele não é deus. Não é infalível. É ser humano. Erra como qualquer um de nós. Como no período de 2007 a 2010 quando não subiu a equipe a divisão de elite do futebol nacional com folhas de pagamento caras ou em 2017 quando assistiu a queda para a Série B e não deu uma declaração.

Pergunta: por que eu, como jornalista, devo ignorar os seus erros e equívocos de Carnielli? Por que não posso criticá-lo? O que justifica ignorar suas decisões atrapalhadas? Em nome de quê? Para quê? Com qual objetivo? Não há nexo.

Para que ninguém diga algo contrário tentei entrevista-lo pessoalmente há cerca de dois anos. Queria o seu lado na história. Suas explicações. Justificativas. Compareci no seu escritório nas proximidades do Shopping Dom Pedro. Na hora H, recusou a conversa gravada. Pena. Quem perdeu foi a Ponte Preta.

O fato é que não existe super homem no jornalismo. Somos humanos. Tentamos nos sustentar firmes e fortes, mas é lógico que estruturas ficam abaladas por vezes diante de tanta pressão. Especialmente daqueles que não querem críticas direcionadas a Sérgio Carnielli e que muitas vezes utilizam as redes sociais ou vozes de terceiros para criar um clima de terror. Tudo para intimidar. Não vão conseguir.

Conclusão: se aqueles que saíram da Ponte Preta dessem as declarações esperadas pela torcida e Carnielli fosse mais solicito com todos os meios de comunicação certamente fantasias e absurdos sobre esse portal não seriam formulados.

E a Ponte Preta seria um clube bem melhor para se torcer e administrar. Um dia muda.

(Elias Aredes Junior)