Formar dirigentes: por que a Ponte Preta nunca completa a tarefa?

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Sérgio Carnielli comanda e ajuda a Ponte Preta desde 1997. Tirou um clube da falência e viabilizou um nível de competitividade que seria impensável durante o mandato, por exemplo, de Peri Chaib, diretor de futebol histórico da Macaca mas sem competência para ser presidente.

Carnielli está prestes a viabilizar o sonho da Arena, construiu um CT moderno ao aproveitar recursos disponíveis para a Copa do Mundo e deixou a Macaca como única equipe do interior paulista na divisão de elite nacional. Não é pouco. É muito. Um grande feito. Só que tal portifólio positivo não pode apagar um pecado incômodo: a falta de formação de dirigentes voltados ao futebol.

Está na moda malhar a atual diretoria da Ponte Preta. Giovanni Di Marzio, Giuliano Guerreiro, Hélio Kazuo, Gustavo Bueno, Cristiano Nunes…A cada dia um faz o papel de Geny nas redes sociais. Quero propor aqui uma outra discussão: será que no fundo, eles não são vítimas de uma gestão que não teve o minimo de cuidado de formar um legado de recursos humanos voltado ao futebol?

Vejamos: por quase nove anos, Marco Antonio Eberlim deu as cartas no departamento de futebol. Cumpriu com sua missão. Acertou, errou, contratou, dispensou e conseguiu resultados positivos e negativos. Saiu da diretoria e eis que o então deputado estadual Sebastião Arcanjo, o Tiãozinho foi chamado para a função. Caiu de para-quedas. Não teve qualquer preparo, estudo e atualização sobre as artimanhas do futebol.

Caiu e o roteiro foi repetido com vários outros que apareceram no caminho: Dicá, Wanderley Paiva, Niquinho Martins, Ocimar Bolicenho, Marcus Vinícius, João Costa…Nomes que deveriam exibir a fórmula mágica do acesso ou do sonhado título. Nomes como Paulo Angioni, Isaías Tinoco, Rodrigo Caetano, Alexandre Mattos ou de Edu Gaspar só ganharam relevância porque em algum momento um grupo de dirigentes apostou na formação desses profissionais. Nem que fosse por uma temporada. Mas apostou. Quem teve tamanho privilégio na Ponte Preta? Diria que poucos. Pouquissimos.

Quando enfatizo a necessidade de formação dos dirigentes, não digo os de escalão intermediário, mas aqueles com perfil executivo, capaz de planejar, contratar, estabelecer metas e cobrar os treinadores dentro das regras e vícios reinantes do futebol.

Talvez o nome que ficou mais próximo deste quadro foi Márcio Della Volpe. Começou como diretor de marketing e foi guindado a gestor de futebol. Em pouco tempo tomou as rédeas da situação e colheu como frutos a permanência na Série A em 2012, queda em 2013, acesso em 2014 e vice-campeonato da Sul-Americana em 2013.

Independente dos resultados da investigação que tramita contra ele na diretoria executiva, seus resultados não podem ser apagados. Se já não foram…

Gustavo Bueno foi criado na Macaca mas sua formação de executivo de futebol foi forjada desde o Sport de Recife. Ou seja, a Alvinegra aproveita-se de um trabalho do concorrente ao invés de conduzir o seu.

Este é o segredo: enquanto a Ponte Preta não incutir na cabeça que deve formar e moldar os seus próprios dirigentes vai continuar com testes aqui e acolá. E a cada dia vai oferecer um para ser crucificado nas redes sociais. Isso precisa acabar.

(análise feita por Elias Aredes Junior)