Guarani e a construção de uma personalidade para fugir do rebaixamento

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Banda de rock nos anos 1980, os Engenheiros do Hawai ficaram conhecidos por letras reflexivas e que provocavam polêmica. Uma delas é “somos quem podemos ser”, e que tinha um refrão de apenas duas frases: “Somos quem podemos ser\Sonhos que podemos ter”.

Esses dois conceitos me fizeram lembrar do desempenho do Guarani na atual edição da Série B do Campeonato Brasileiro. 

Presente na zona do rebaixamento, com 29 pontos e a dois pontos do primeiro time fora da zona da degola, está mais do que claro que o Guarani reagiu. Joga melhor, exibe um futebol mais consistente e voltou a transformar o Brinco de Ouro em ponto de apoio para vitórias.

Ganhou do Náutico de maneira dramática, bateu o Tombense com altos e baixos e no sábado diante do Sampaio Correa, exibiu um ingrediente ausente nos ultimos: o time jogou mal e venceu. 

Não vamos dourar a pílula. A apresentação foi ruim. Só que o time colheu no gramado os frutos do trabalho do técnico Mozart. O lance do pênalti nem vou contar, mas a jogada de Jamerson que gerou o gol de Yuri Tanque é claramente um jogada treinada. O atacante bugrino é limitado? Concordo. Só que na atualidade é preciso focar no essencial, que é pontuar dentro daquilo que existe a disposição o elenco. O Guarani é o que pode ser. Esta deveria ser a frase do torcedor bugrino. 

A esperança ainda permanece. E se o 16º lugar virar realidade no Guarani após 38 rodadas, será com as virtudes e defeitos que estão presentes em todos os jogos.

Os erros de passe de Leandro Vilela, os altos e baixos de Giovanni Augusto, a limitação técnica de Yuri Tanque com a bola no chão, a falta de inspiração de Edson Carioca e de Bruno José. Mas também tem o poder de decisão de Giovanni Augusto em instantes delicados, a volupia de Rodrigo Andrade e a capacidade de Jamerson nos cruzamentos, talvez a melhor noticia neste segundo turno. É o que existe a disposição. 

Com esse elenco e com trabalho de emergência só é possivel almejar a permanência. A torcedor do Guarani pode dizer de boca cheia: “Sonhos que podemos ter”. 

E se você parar para ouvir com atenção a musica dos Engenheiros verá que até nos bastidores bugrinos eles foram proféticos quando dizem: “Quem ocupa o trono tem culpa”. Mais direto impossivel. 

É, quem encara o futebol em 100% do seu tempo como brincadeira e entretenimento, no fundo, no fundo, quer evitar que a grande massa reflita e tire suas próprias conclusões e por vezes evitar que algo pior venha acontecer. 

Na próxima terça-feira, o Guarani terá uma chance concreta de sair da degola. Basta vencer o Vila Nova fora de casa e assim produzirá dois benefícios: vai afundar um concorrente direto e dizer em alto e bom som que vai lutar pela permanência até o último segundo. Do seu jeito. E assim conseguir sonhar com dias melhores em 2023. 

(Elias Aredes Junior com foto de Luciano Claudino-Especial para o Guarani F.C)