Guarani e o terremoto que produiu sequelas e reflexões

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Sim, todos caíram no Guarani. A derrota para o Londrina foi o míssel necessário para dinamitar uma terra que já se encontrava arrasada.

Uma campanha com perfil de rebaixamento e que se constitui em um retrato fosco e empoeirado de um planejamento cheio de falhas e equívocos. Algo admitido pelos dirigentes bugrinos até em uma reunião do Conselho Deliberativo. Não é uma acusação ou crítica. É constatação.

Um projeto corroído pela ineficiencia e que começou por um ponto básico: o Guarani ficou embriagado pelo meio-sucesso.

Não sei se este termo existe, mas até hoje não entendo porque a diretoria do Guarani e o responsável pelo Departamento de Futebol ficaram inebriados pela sexta colocação na Série B do Campeonato Brasileiro. Uma posição que na prática assegurava apenas a participação na próxima edição da competição e a primazia de contar com mais jogos em casa no segundo turno. Só. Nenhum tostão a mais.

E em cima dessa ilusão que ficou uma espera sem nexo por Andrigo e Régis. Os dois jogadores ganharam projeção, mídia e interesse no mercado. Pela carreira do jogador de futebol ser curta, é evidente que os atletas não perderiam a chance de buscar uma valorização salarial. Algo que o Guarani não poderia dar.

O que fez o Conselho de Administração e Michel Alves? Esperaram e tentaram segurar dois jogadores que já se encontravam acima do patamar financeiro do Guarani. Perderam um tempo precioso.

O ideal? Que dispensassem rapidamente os jogadores e buscassem outras alternativas no mercado. E que estavam disponiveis. Mas decidiram esperar e aí só conseguiram Giovanni Augusto, que desembarcou no Brinco de Ouro no dia 12 de janeiro, a poucos dias de estreia no Campeonato Paulista.

Sem contar o caso de Bidu. O lateral esquerdo desde o final do ano passado não escondia de ninguém o desejo de buscar novos ares. O que fez o Guarani? Ao invés de dispensá-lo e resolver a questão de maneira rápida, entrou em uma novela que só terminou no dia 25 de janeiro, quando o jogador foi anunciado pelo Cruzeiro. Um desgaste desnecessário.

Por outro lado, a montagem do elenco teve equivocos. Começa pela presença de zagueiros veteranos como Ronaldo Alves, Ernando e Leandro Cástan. A ciência do esporte já deu seu recado: o jogador acima de 30 anos por um curso natural dos fatos fica mais suscetível a lesões e perde naturalmente a velocidade.

Ato contínuo, a dispensa do volante Bruno Silva – sem justificativa até hoje- foi seguida pela aquisição de jogadores sem a eficiência no passe do antecessor e com muitas deficiências na marcação, em viradas de jogo e na presença de área. Não se iluda: o gol de Silas contra o Londrina foi um acidente de percurso.

Para completar o rol de erros de gestão, vamos voltar ao sistema defensivo. Somos humanos. Estamos sensíveis a equivocos e problemas em nosso trabalho. Consciente e lúcido é quem corrige o trajeto. Dito isso fica a pergunta: por que Michel Alves em momento algum pediu uma correção de rota ao trabalho do preparador de goleiros Silvano Austrália?

Não precisa ser entendido em futebol para detectar que a metodologia de trabalho de Silvano Austrália não deu certo. Os goleiros bugrinos são inseguros, falham demasiadamente e não transmitem credibilidade ao torcedor. Rafael Martins chegou credenciado por causa de boas campanhas com a camisa do Brasil de Pelotas.

 Mauricio Konzlink desembarcou no Brinco de Ouro com credibilidade devido a sua boa performance no Atlético-GO. De repente, os dois começam a falhar seguidamente. Pense. Raciocine. Como alguém de bom nivel técnico de repente cai de maneira tão vertiginosa?

Não tem explicação. Ou tem. E não foi resolvido.

Os defensores da atual gestão dizem que na parte administrativa o time está redondo e existem melhorias. Acredito. Mas não adianta deixar os quartos arrumados, a cozinha brilhando, o banheiro com aroma de flores se a sala, ou futebol profissional, encontra-se bagunçado e pior: com o comando trincado.

Os próximos ocupantes dos cargos de treinador e de Superintendente Executivo de Futebol não podem errar. A estimativa é que o favorito para o cargo de treinador é Mozart e que Rodrigo Pastana pode voltar a dar as cartas. Que eles saibam: precisam ir para o diagnostico preciso. Colocar a casa em ordem.

É preciso reagir. Sobreviver na Série B. Fugir da Terceira divisão nacional. E se este for o benefício colhido no primeiro nfinal de semana de novembro não há dúvida: algo precisava ser feito. Tinha que cair todo mundo. Para o bem do Guarani.

(Elias Aredes Junior)