Guarani quer implantar política de estado no departamento de futebol. Isto não é ruim

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O Guarani monta seu time para a próxima temporada na base do método de conta gotas. Contratações são anunciadas periodicamente e reações colhidas aqui e ali. Este jornalista apurou que o técnico Ney da Matta indicou apenas três jogadores. O primeiro foi o atacante Brian Samudio, cuja negociação fracassou por enquanto. Os outros dois pedidos foram atendidos, casos do volante Escobar e do meia\volante\lateral Hernani. Vai dar certo? Não se sabe, especialmente pela crise financeira que dá mostras de querer aterrorizar ainda mais o estádio Brinco de Ouro em 2017. Entretanto, alguns sinais positivos não podem ser ignorados, como a tentativa de implantar uma “politica de estado” no futebol bugrino.

Explico: nos últimos anos, uma das fórmulas adotadas era contratar um técnico e imediatamente lhe fornecer a “chave” do departamento de futebol. Ele arregimentava jogadores de sua confiança e o clube avalizava de maneira cega. Em 2013, em seu  ano inaugural na terceirona nacional o então presidente Álvaro Negrão contratou Tarcisio Pugliese e no pacote veio atletas como o lateral-direito Jefferson Feijão, os zagueiros Julio César e Paulão e o armador Ewerthon Maradona, atletas que já tinham atuado com o treinador em outras agremiações.

No ano seguinte, embalado pelo acesso à Série A-1 obtido com o Capivariano, o então técnico Evaristo Piza ganhou respaldo para assumir o Guarani e trazer o goleiro Wanderson, o lateral direito Oliveira, o lateral-esquerdo Pedro Henrique, o cabeça de área Hélio e o centroavante Silas. Quase meio time. Quando sentou no banco de reservas, Marcelo Veiga não sossegou enquanto não esteve com o goleiro Neneca e o centroavante Nunes.

Algo já foi insinuado durante a gestão de Rodrigo Pastana, mas agora a tentativa parece ser para valer com Marcus Vinícius e Giuliano Bittencourt. Claro, o treinador vai escalar os titulares e formatar a maneira de jogar. A montagem do elenco, as características dos jogadores, as funções que devem estar preparados para executarem dentro do gramado são atributos que sinalizam serem de propriedade agora dos responsáveis pelo futebol do Guarani. Os reforços serão contratados para atuarem no Guarani e não para treinador A, B ou C.

Pode falhar? Não há dúvida, especialmente se o treinador tomar decisões equivocadas. Só que é salutar a busca de formação de uma identidade bugrina, de um perfil de atleta que possa atuar e receber a chancela das arquibancadas. Se o Conselho de Adminstração for inteligente, quando acontecer a saída da atual dupla executiva do futebol, as diretrizes só devem ser perseguidas pelo novo ocupante no cargo.

Parece pouco, mas o Guarani faz uma tentativa para entrar no Século 21. Não é pouco.

(análise feita por Elias Aredes Junior)