Guarani segue o fluxo e estipula: luta pelo acesso será para poucos

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Pare por um instante e simule a seguinte história. José é torcedor do Guarani. Com muito esforço e apesar dos seguidos fracassos no gramado, ele conseguiu converter seus dois filhos. São bugrinos. Torcem pelo Guarani e acompanham ao vivo um jogo ou outro. Apareceu o grande dia. Dia 08 de outubro o time do coração jogará contra o ASA (AL) pelas quartas de final da Série C do Brasileirão. É o jogo do acesso. Mais 90 minutos e o time poderá disputar a Série B em 2017.

José quer e deseja estar presente. Começa a fazer as contas. Na prática, não tem condição de pagar o programa de Sócio torcedor. Mesmo se colocasse os filhos como dependentes, a mensalidade mais barata ficaria em R$ 50 e mais R$ 25 por dependente. Então, o jeito é pagar o ingresso. Se decidir levar os dois filhos, o pacote fica em R$ 120. Carro? Nem pensar. Ele utiliza transporte coletivo. Como José é um cara previdente e utiliza bilhete único o custo total será de R$ 22,80.

Ao chegar ao estádio, ele sabe que não poderá deixar as crianças de 10 e 12 anos sem consumir uma guloseima ou um salgado com refrigerante. Ou seja, lá se vão mais R$ 50. Só nesta conta simples seriam quase R$ 200 de custo para um único jogo.

Com dor no coração ele comunica aos filhos que o jeito será acompanhar a partida pelo rádio ou por sinal de algum site pirata que esteja replicando a transmissão. Motivo: ele recebe R$ 1760 por mês não pode pagar uma televisão por assinatura e a esposa está desempregada. Na sua vã esperança, ele espera que coloquem um lote de ingressos a R$ 5 ou R$ 10 para que com isso consiga apertar o cinto, cortar uma extravagância ou outra dos filhos e consiga comparecer.

Um pouco de reflexão e ele logo desiste. Pensa: “Futebol é para poucos. Estou fora”. Ele tem razão. Infelizmente.

(análise feita por Elias Aredes Junior)