O Guarani comprovou todas as suas qualidades e defeitos na vitória sobre o Sertãozinho por 4 a 2. Certamente a melhor exibição desta curta duração de temporada. Na justificativa euforia por um desempenho satisfatório pode passar despercebido as camadas existentes.
Os sete primeiros minutos deveriam ser estudados minuciosamente pela comissão técnica. Não pelo gol marcado por Leleco, mas pelo fato do adversário ter insistido nos ataques pelo lado esquerdo. Motivo: a saída de Lenon e a necessidade de por vezes Lucas Kal adiantar-se para proteger o setor. É bom que se diga que não há intenção de tolher a aptidão ofensiva de Lenon e nem de crucificar Kal. Pelo contrário. A pressão exercida pelo Sertãozinho mostra necessidade cada vez maior do Guarani jogar compactado, com as linhas próximas umas das outras e com o sentido de solidariedade aguçado.
A própria partida justifica a validade do comportamento. Após tomar o gol, o Guarani tomou duas providências. Primeiro foi competitivo e disputou cada bola como se fosse a última. E a partir do campo ofensivo. Ou seja, dificultava as ações de saída de bola do adversário e criava chances de gol. De maneira inteligente, posicionou-se com uma defesa segura e atenta. Motivo: foi a partida com o menor número de avanços de Baraka e isso fez com que os zagueiros ficassem incentivados a irem a frente, como Fernando Lombardi, autor do terceiro gol.
Com a defesa ajeitada, o confronto proporcionou lances raros. A triangulações pelos lados apareceram. No lado direito, Lenon e Bruno Nazário tiveram diversos parceiros, inclusive o centroavante Bruno Mendes. No lado esquerdo, Rondinelly tentava ajudar e auxiliar o lateral-esquerdo Marcilio. Que aliás, merece um capítulo á tarde. Tem limitações? Concordo. Só que verifiquem a força com que ele busca a linha de fundo. Umberto Louzer poderia testar o que Oswaldo Alvarez, o Vadão, fez com Oziel em 2012. Treinar Marcílio para que alcance as imediações da grande área e batesse forte e rasteiro no segundo pau para o complemento de Bruno Mendes ou de outro jogador. A primeira trave, já sabemos, é a referência nas cobranças de escanteio e até de falta lateral.
Pode melhorar? Por incrível que pareça sim. E muito. O volante Ricardinho ainda não exibe a força e vigor dos tempos de Criciúma. Quando isso acontecer, o time ganhará uma jogada de transição e velocidade pela faixa central do gramado e com possibilidade de revezar com maior constância com Bruno Nazário. Ainda não há viradas de jogo. Com aquilo que tem à disposição, quando por exemplo Marcilio vira a bola para Nazário ou Lenon no lado esquerdo o oponente será pego de surpresa.
A defesa já exibiu evolução notável, mas não dá para exibir um diagnóstico definitivo, até pelas armadilhas apresentadas pelo campeonato paulista. Algo, porém, é escancarado: os jogadores buscam cumprir de todas as formas a metodologia de trabalho de Umberto Louzer. E parecem (parecem!) conhecer o tamanho da necessidade do Guarani em buscar o acesso. Em resumo: aos poucos, o Guarani mostra-se candidato ao acesso. Não é pouco.
(análise feita por Elias Aredes Junior)