Mazola Junior e as armadilhas do mundo da bola

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O futebol tem um código de ética informal. Regras e procedimentos obedecidos rigorosamente, mesmo que não seja do agrado de torcedores e jornalistas. Quebrar essa norma em médio e longo prazo poderá acarretar em consequências desagradáveis.

A principal delas é o cuidado que se toma na entrevista coletiva após o jogo. O treinador está lá para dar explicações? Sim. Explicar as alterações e exibir sua visão do jogo são tarefas delimitadas. Não pode cair em casca de banana. E Mazola Junior caiu em uma delas após a derrota para o Corinthians. É só observar sua resposta sobre o comportamento de alguns atletas na Arena Itaquera. “Estamos num clube de dimensão tão grande que não se pode ter o mínimo de negligência. Vamos ter que pontuar algumas situações, não só com o Hugo. Não vamos crucificar o rapaz, até porque saiu ovacionado no primeiro jogo do campeonato. Talvez não tenha sabido encaixar [os elogios], tenha andado alguma minhoca na cabeça dele. Vamos conversar, mas não só com o Hugo. Que sirva de exemplo para vários. Não foi o único que fez um jogo negligente hoje”.

É uma frase ótima para vender manchetes de jornal ou suscitar polêmicas acaloradas em debates esportivos. Mas pense: como você se sentiria se seu chefe comentasse sobre o seu desempenho em praça pública? Você ficaria contente e feliz? Ou ficaria decepcionado? Pois é. Entendi a intenção do treinador. Quis salvar o subordinado. Complicou ainda mais sua situação. É o quadro em que clichê salva do pior tipo “não comento sobre atuação individual, todos ganham e todos perdem”, etc.

Fico chateado como jornalista, lógico, porque vivemos da notícia e da revelação dos bastidores. Só que a função do treinador e do diretor de futebol é entrar neste embate para preservar os jogadores e todo o staff do clube.

O quadro está desfavorável? Sim. Mas só quem pode virar a página são os jogadores. Inclusive Hugo Cabral. Mazola Junior é competente, experimentado e sabe os atalhos. Certamente evitará tal visão na próxima oportunidade.

(análise feita por Elias Aredes Junior- foto de Daniel Augusto Junior\Agência Corinthians-Utilizado para fins jornalisticos)