Na Ponte Preta, o desprezo pelas dores da torcida dita as regras

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Torcedores da Macaca,

Sei bem que a semana não está sendo nada boa. Não bastasse o jogo de domingo, com a derrota em casa, de virada, para o Vitória; não bastasse o rebaixamento para a Série B (e as provocações do rival); não bastasse o desempenho ruim durante todo o campeonato nacional e não bastasse jogadores como Rodrigo (nem vou falar sobre a expulsão) vocês ainda precisam lidar com o total abandono afetivo dos que são responsáveis por este momento do clube.

Aposto que muitos de vocês, lidariam melhor com o desempenho sofrível em campo se, ao menos, fora dos gramados, encontrassem o respeito que merecem. Mas, ao contrário, vocês, cada vez mais, parecem ignorados. E o desprezo, dentro de casa, é do tipo que mais dói.

Encontramos uma diretoria mais preocupada em reeleger-se (sendo chapa única) do que em avaliar seus erros e sua responsabilidade pela queda.

Encontramos uma diretoria que publica no site oficial do clube um texto sobre os “prejuízos” da invasão ao gramado, mas ignora o fato de que o maior prejuízo é o próprio rebaixamento. O maior prejuízo é magoar quem ama o clube incondicionalmente.

Esperava mais dos que comandam a Ponte.

Particularmente, como jornalista, como fã de futebol, reconheço que esperava que o time, por exemplo, exigisse uma explicação da Polícia Militar após ver o vídeo de um pai, abraçado ao filho de 9 anos, ser ‘ENXOTADO” do estádio por um policial. Esperava que o clube fizesse a sua parte e pedisse desculpas à essa família.

Primeiramente para a mãe, que em estava em casa desesperada com as notícias de um cenário de guerra; depois para o pai que escutou que ali não era lugar de criança, que deveria estar em uma sorveteria. E ao garoto, que representa o futuro do clube.

Mas não. Sequer meia dúzia de palavras publicadas no site foram neste sentido. Aliás, a própria decisão de manter Eduardo Batista soa como afronta ao torcedor. Soa como “não importa o que você pensa. Nós comandamos o clube, fazemos o queremos, e como queremos. Vocês, torcedores, que se contentem com o cimento da arquibancada”.

Eu, sinceramente, não esperava isso de um time cuja trajetória foi construída em pilares opostos. Um time que não tem títulos, mas sempre teve torcida.

Um time cujo estádio foi construído pelas mãos dos torcedores.

Saibam, torcedores pontepretanos, vocês não são os vilões desse capítulo. A culpa não é da torcida.

A responsabilidade é de quem contrata, de quem escala, de quem não assume o que tem que ser assumido. Aparecer duas vezes para dar coletiva, com discurso pronto e bem apático, não faz de um presidente, de fato, presidente.

O simples ato de montar um time não faz de quem contrata um dirigente de futebol. Torcer para o clube não significa nada, quando se distorce informações, quando se despreza a torcida.

É triste.

(análise feita por Adriana Giachini/Foto – Matheus Reche)

4 Comentários

  1. E a salvação da nossa amada Nega Véia está nas mãos do torcedor.
    Em protestar de forma inteligente e aparecer mais na mídia do que a diretoria.
    Sem a torcida, a Ponte Preta morrerá lentamente nas mãos dos parasitas que a comandam.