O passado fornece a dica: é preciso conhecer o Guarani profundamente para colher o sucesso. Ou evitar o desastre

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São oito pontos em 10 jogos. Proximidade com a zona do rebaixamento. Se na segunda metade do turno inicial o rendimento for repetido, o Guarani não só permanece na zona do rebaixamento da Série B como deverá ficar na ultima ou penúltima colocação. Traduzindo: terá que contar com novo milagre para escapar do rebaixamento à Série C.

Treinar o Guarani não é fácil. Clube que tem uma torcida que enaltece as glórias das décadas de 1970 e 1980 e tem resistência em relembrar o período de 10 rebaixamentos entre 2001 e 2013. Não como um autoflagelo e sim para incentivar o debate para ultrapassar problemas crônicos. Entende-se o motivo: é uma comunidade ferida, machucada após tantos anos de desmandos e incompetência. Mas fugir da realidade não resolve.

Nesta década alguns trabalhos podem ser enumerados como exitosos ou com performances interessantes. Vilson Tadei e o acesso na Série A-2 de 2011; o plano de salvação empreendido por Giba na segundona nacional do mesmo ano; Vadão e o vice-campeonato paulista de 2012; o vice-campeonato da terceirona em 2016 com Marcelo Chamusca; a conquista da Série A-2 e o nono lugar na Série B de 2018 com o técnico Umberto Louzer – que já atuou pelo clube- e Luciano Dias como executivo de futebol e que um dia foi o condutor do acesso na Série C em 2008. Isso sem contar o segundo turno da série B do ano passado sob o comando de Thiago Carpini.

Existia um fator em comum: um personagem que conhecia os bastidores, a estrutura e os meandros do Guarani. Tinha discernimento para apurar o sentimento do torcedor bugrino e fugir de possíveis armadilhas. Era fiador em tempos de crise.

Até em 2016 sob o comando dos novatos (em relação ao Guarani) Marcelo Chamusca e Rodrigo Pastana e Marcus Vinicius Beck Lima? Sim. Fumagalli tinha uma liderança incontestável no vestiário e era o intermediário  com as arquibancadas.

Qual o problema atual? Apesar de bons profissionais, Michel Alves e Ricardo Catalá não conhecem em profundidade o que é o Guarani, suas características, problemas e como a torcida reage em determinadas situações. Pisam em areia movediça. Sem retaguarda. Michel Alves não pode ser criticado por seu desempenho no Paulistão. Fez o que se esperava. No entanto, a impressão transmitida é que nesta Série B a dificuldade é explicita.

Para piorar, contam com um Conselho de Administração que, apesar de ser formado por torcedores bugrinos, não exibem lastro para orientar o time nos instantes de sufoco.

É como você realizar uma mudança de gestão de uma empresa familiar em plena crise e colocar profissionais de ponta, mas sem conhecimento do que ocorre nos bastidores.

Concordo que são características de um clube de metodologia provinciana. Mas é o que está colocado. Na atualidade, sem gente que conheça profundamente o Guarani, o risco de fracasso é gigante. Por melhor que seja a intenção do profissional.

(Elias Aredes Junior- Foto: Luiz Neto-Divulgação AD Confiança)