O vídeo bugrino e a conclusão: atleta de futebol não é cidadão de segunda categoria!

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O vídeo feito pelos jogadores do Guarani para pedir o fim da guerra política ainda repercute. Muitos torcedores bugrinos criticam a atitude. Acham que eles devem jogar bola e só.

Deve ser retirada a liberdade de expressão dos atletas. Todos consideram que a faca está no pescoço deles. Se a vitória não acontecer no sábado, a crise será inevitável.

Vou por outro caminho. Tal reação comprova como ainda precisamos de um banho civilizatório.

Apesar de terem acesso a altos rendimentos, de forjar um pequeno clube de milionário, o jogador de futebol na visão do torcedor é uma marionete, um ser alienado e por vezes não tem direito sequer a abrir a boca. Como já ganha dinheiro, não precisa dizer mais nada.

Em muitos casos é verdade. Os poucos com personalidade são cerceados do seu direito à opinar. É algo que por vezes flerta com a escravidão. Ou seja, para muitas pessoas, jogador de futebol, não tem alma ou sentimento.

O desprezo implícito pela visão do atleta é tamanho que poucos conseguem enxergar um outro lado. Qual patrão não gostaria de ver um empregado preocupado com os destinos da empresa? A incapacidade de parte da torcida de ler de modo mais profundo a postura dos atletas protagonistas do vídeo assusta.

E o que eles queriam dizer? Simples: eles admitem que pisam na bola, que a campanha é horrivel, mas que se importam com o Guarani. E é por se importarem com o clube que fizeram este apelo para que as brigas cessem e automaticamente briguem para tirar o time da zona do rebaixamento.

Alguns acreditam que os atletas fizeram isso a mando dos dirigentes. Considero que é uma falha conceitual. Será que não existe um só jogador com espírito de liderança e capaz de ver além do horizonte? Tudo precisa ficar na mão do dirigente? Indiretamente não é um preconceito velado contra o jogador de futebol?

Sim, este Só Dérbi pega no pé por atitudes alienadas dos atletas. E é por possuir tal postura que não tenho direito de jogar pedra quando um grupo de atletas sai da mesmice e se posicionam. Devemos aplaudir.

Não vivemos na India, em que prevalece o sistema de castas. Todos somos iguais. Liberdade de expressão é para todos. As consequências idem. Então, se o time não sair do Z4 eles sabem o que deve acontecer.

Isto é o barato da democracia.

(Elias Aredes Junior)