Osmar Loss no Guarani: um pouco de humildade não faz mal a ninguém!

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O Guarani perdeu mais uma no Campeonato Paulista e dessa vez não há desculpas. O time jogou mal. Não segurou a criatividade de Correa e a velocidade de Martinelli. Pagou o preço. Duro foi acompanhar a entrevista coletiva concedida por Osmar Loss. Não só com um espírito de negação em relação ao desempenho como utilizou os 90 minutos para incutir otimismo no torcedor. Não dá.

Este jornalista já disse que não considera o trabalho de Loss desastroso. Pelo contrário. As atuações contra Corinthians e Botafogo e o bom posicionamento defensivo contra o São Paulo são uma prova de que o técnico tem uma filosofia de jogo. Também é verdade que teve produção ruim contra o São Caetano e foi envolvido taticamente pela Ferroviária e decepcionou contra o Ituano.

Eis que o treinador diz o seguinte após a partida. “A gente teve um comportamento muito superior aos dois últimos jogos. Se fosse para jogar mal e levar ponto, seria melhor. A gente fez um bom jogo fora de casa, controlando a equipe do Ituano, oferecendo apenas os contra-ataques. Fiquei satisfeito com rendimento, mas muito chateado com o resultado”. Típica declaração de quem aparentemente faz uma fuga da realidade e não vislumbra os problemas crônicos.

Como pretende marcar na linha intermediaria e sair em velocidade para o contra-ataque, o ideal seria contar com um típico atacante veloz. Apostar todas as fichas nos laterais ficou manjado. Tanto Léo Principe como William Matheus já estão marcados e cercados. Ao invés de destilar ódio e ressentimento, que todos prestassem atenção nas inúmeras tentativas de acionar William Matheus. Não deu certo.  Mas foi treinado. Daí a dizer que o time não tem nada vai uma distância enorme.

Mesmo assim,  o passe de Fabrício Costa para o gol de Diego Cardoso não serve de álibi para Loss. Fica a pergunta: por que não testar Matheusinho desde os minutos iniciais? Ou antecipar sua entrada no segundo tempo? Repito: se descrevo tais procedimentos é porque existe sim padrão de jogo. Ele só não é adequado aos jogadores escalados.

Como um técnico estudioso, mas totalmente media training, com respostas prontas e ensaiadas,  Osmar Loss não assume os problemas e pior: não faz adaptação do seu conceito ás características dos jogadores. Querem outro exemplo? Carlinhos não rende. Não produz. Rondinelli é irregular? Sim. Apagado? Certeza. Mas tem aparições durante o jogo que resultam ou em melhor organização do meio-campo ou em gols decisivos contra o Corinthians. Porque deixá-lo no banco?

Osmar Loss parece ser um clássico adepto da escola do técnico da Seleção Brasileira, Tite, que treina e estabelece um roteiro. Se algo acontecer fora do rumo, o desespero aparece. Loss desembarcou no Brinco de Ouro com a partitura pronta. Recusa-se a trocar a música ou abaixar a bola e entender a reclamações dos torcedores. É bom mudar o rumo da música. De preferência, com alguns acordes de humildade. Antes que seja tarde.

(análise feita por Elias Aredes Junior)