Ponte Preta, proximidade do acesso e o fruto bendito colhido: a despolarização política do clube. A torcida agradece!

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Ingressos vendidos e esgotados para o confronto entre Ponte Preta e XV de Piracicaba no próximo sábado, às 18h30. Muitas pessoas que estavam afastadas dos estádios ou que acompanhavam os jogos pela televisão ou pelo rádio lamentaram a ausência de oportunidade de adquirir os bilhetes.

Outros, de modo inadequado, afirmaram que era “bem feito” o fato dos chamados “torcedores de sofá” serem excluídos do processo. Não querendo acusar A ou B uma reflexão está ausente neste debate: alguém já parou para pensar porque os torcedores resolveram sentar no sofá nos últimos anos? O que levou um pontepretano a deixar a arquibancada e torcer pela sua paixão à distância?

A resposta não encontra-se na ausência de craques, de técnicos competentes ou a aparição de resultados decepcionantes. Tudo pode ser resumido em uma única frase: a excessiva politização do cotidiano da Ponte Preta.

Quem acompanha este Só Dérbi sabe que fizemos matérias sobre a desobediência do estatuto, desde a utilização de um cor equivocada na camisa oficial adequada ou na habilitação do candidato a presidente.

O fato mais comum eram discussões políticas, batalhas individuais, cujo interesse da Ponte Preta ficava em último lugar. A equipe capengava em campo e os assuntos prioritários eram dívidas, balancetes ou debates na justiça.

Questiono: como ter ânimo de ir ao campo diante de tamanha guerra de egos? Como animar-se a sair de casa com os dirigentes com desejo de serem mais protagonistas do que os jogadores e o técnico de plantão? Dá para ter ânimo?

E detalhe: os dirigentes queriam ser as estrelas do espetáculo mesmo quando o time estava em boa fase. Lembre-se do Campeonato Brasileiro de 2016 e Série A-1 do Paulista e saberá do que digo.

Talvez a grande utilidade de Hélio dos Anjos, além da sua capacidade, é que ele e os jogadores não quiseram dividir holofote com ninguém. Eles são protagonistas e pronto. Mais ninguém. Os meios de comunicação falam dos artistas do espetáculo. Dirigente são coadjuvante. Não há discussão ou polarização política. O futebol e seus personagens são os astros supremos.

Que essa despolarização política continue na Ponte Preta. Que os dirigentes permaneçam fora da ribalta e que o futebol seja o Camisa 10.

Será melhor para todos.

(Elias Aredes Junior-com foto de Diego Almeida-Pontepress)