Que Pintado aprenda com Nelson Rodrigues: Envelheça!

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O Guarani venceu o Votuporanguense por 1 a 0, aproximou-se da zona de classificação da Série A-2 do Campeonato Paulista e prepara-se para ratificar a boa fase na sexta-feira, diante da Portuguesa, no estádio Brinco de Ouro. Duro é constatar que a vitória teve gosto de cabo de guarda-chuva. Uma parte da torcida protestou contra o técnico Pintado ao final do jogo, rápido em procurar desculpas na entrevista coletiva.

Primeiramente disse que não ficaria por mais tempo no cargo e afirmou que técnico nenhum agrada ao torcedor bugrino. São pequenas frases e conceitos jogados ao vento, mas que de certa forma explicam porque, apesar do conhecimento tático e um relacionamento interpessoal de refinada categoria, Pintado ainda não emplacou como um técnico de ponta na divisão de elite do Campeonato Brasileiro. O seu camisa 10 ainda não escalado, a inteligência emocional.

Engana-se quem restringe o futebol ao campo da estratégia ou a escolha pura e simplesmente dos melhores. Capacidade de absorver críticas e saber sair por cima em episódios desagradáveis são conceitos que distinguem os campeões dos profissionais medianos.

Em 1994, a Seleção Brasileira foi massacrada pela imprensa. O futebol não agradava e Romário e Bebeto eram os únicos que recebiam a pecha da inocência. Após vencer a Itália na cobrança por pênaltis, o técnico Carlos Alberto Parreira teve chance de dar o troco. Foi confrontado por um repórter e a resposta saiu elegante. “Não tenho nada a responder. Sou campeão do mundo”.

Nos últimos dias, o Guarani e o técnico Pintado tomam medidas que vão na contramão dos ensinamentos de Parreira. Parece o clube e a comissão técnica com vontade para transformar o torcedor em inimigo e não aliado. Bloqueou o acesso as entrevistas coletivas e Pintado tratou de conceder o tempero em duas ocasiões. Primeiramente com uma apimentada e injustificada discussão com o repórter Rafael Pio da CBN/Globo, que apenas cumpriu sua missão ao perguntar sobre um entrevero entre o treinador e Flávio Caça Rato. Agora, a relação com a torcida azedou de vez ao demonstrar seu descontentamento pelas vaias.

Pintado pode ser demitido e o Guarani seguir sua vida. Só que tais episódios demonstram que pode sobrar boa vontade e intenções positivas ao treinador, mas a maturidade está em nível baixo. Tem jeito? Simples. É só seguir o conselho do dramaturgo Nelson Rodrigues, que em entrevista ao escritor Otto Lara Resende na década de 1970 não teve dúvidas em eleger o conselho ideal que repassa aos jovens e adultos: Envelheçam! Pois é.

(análise de autoria de Elias Aredes Junior-Foto de Rodrigo Villalba-Memory Press)