Dirigentes de todas as partes do estado de São Paulo celebram a manutenção do rebaixamento na Serie A-1 do Campeonato Paulista. Gritam aos quatro ventos de que a manutenção das regras do futebol é o sinal da estabilidade. Indiretamente é imposição de isolamento ao Botafogo e a Ponte Preta, dois integrantes da Série B do Campeonato Brasileiro.
Este Só Dérbi é pela manutenção das regras e pelo cumprimento do rebaixamento. Tem que cair quem deve cair. Só não vou fechar os olhos para a hipocrisia e o discurso vazio.
Nenhum dirigente paulista tem moral para apontar o dedo para a Ponte Preta e nem cobrar transparência. Repito: ninguém. Em idêntica circunstância, com paralisação de quatro meses e ainda dois jogos para disputar na fase inicial, todos os clubes que estivessem em tal situação iriam dar um jeito ou de anular o rebaixamento ou encontrar alguma compensação.
Não podemos esquecer o próprio histórico do futebol paulista. Lembram quando Vicente Matheus agitou uma barbaridade por causa de divisão de renda no Paulistão e a torneio foi decidido no ano seguinte? E o rebaixamento do Paulistão de 2001 que na prática não valeu nada porque no ano seguinte tivemos torneio Rio-São Paulo? E no seguinte, o rebaixamento do torneio regional foi cumprido? Não, porque o Paulistão voltou a ser valorizado. Como deve acreditar de que os dirigentes querem cumprir as regras?
Se contarmos o que já rolou no âmbito nacional então, qualquer madame sentada em praça pública ficaria corada de sol. Então é nesse ambiente de “Lei de Gerson” que desejam que tanto Ponte Preta como Botafogo aceitem bovinamente disputar a Série A-2, uma competição marcada pela ausência de recursos?
Não gosto de fazer análises de curto prazo. Faço no global. Se for pelo retrospecto em curtissimo prazo, meu pensamento poderia e deveria ser cumprido a ferro e a fogo. Só que o histórico do futebol brasileiro, suas tramoias e reviravoltas me impedem de exigir que a Ponte Preta aceite de modo calado. Não adianta pedir que o seu filho arrume o quarto se você não lava o banheiro, a cozinha, a sala e ainda deixa a varanda suja de terra. Botafogo e Ponte Preta podem apenas usufruir de uma porta arrombada. Há muito tempo.
(Elias Aredes Junior)