Existem certos fatos que não entendo no futebol. Juro. Decisões intrincadas, complexas e que me causam perplexidade. Peguem o exemplo da situação do goleiro Passarelli, reserva no Guarani.
No início do ano, não havia dúvidas de que o titular seria Bruno Brígido. Entrou e deu conta do recado. Foi campeão da Série A2 e, enquanto esteve disponível na Série B, nunca decepcionou. Pelo contrário.
Bem, eis que o goleiro transfere-se para o futebol português. A vaga de titular fica aberta. Chance para Passarelli? Nada disso. Georgemy é escalado contra o Boa Esporte, vacila em alguns lances e seu destino é selado: não ficará como titular.
Chegou a vez de Passarelli? Não. Oliveira é contratado às pressas e é promovido a titular diante do Oeste. Faz boas defesas e traz um sentimento de alívio ao torcedor. Que dura pouco. Jogo após jogo, as falhas se acumulam e o ápice ocorre diante do Fortaleza, em que muitos consideram que falhou nos três gols do tricolor cearense.
Nas arquibancadas e nas redes sociais, o protesto prevalece. Querem mudanças. “Opa, é o que esperava Passarelli, já que Agenor parece não encontrar-se em forma total”, dizem alguns.
No treinamento realizado nesta tarde, no estádio Brinco de Ouro, Agenor é colocado com a camisa 01. Para o garoto revelado no Brinco de Ouro, restam os infinitos treinamentos.
Não vou questionar o aspecto técnico. Narciso é pago para decidir e com o respaldo de Umberto Louzer. Minha questão é humana. As perguntas surgem: o que desejam fazer com Passarelli? Se o rapaz não serve para ser titular do Guarani por que não dispensam e deixam que ele siga sua carreira? Ou melhor: como explicar a renovação do seu contrato até dezembro de 2019?
Por que não fizeram isso após o Paulistão? E se tiver potencial? Quando será utilizado? Ninguém se importa com o estado emocional e a autoestima do arqueiro? Em que local está a sensibilidade para fazer algo simples e vital? Resposta: gestão de pessoas.
Se algo existe deplorável na vida é dedicar-se, entregar-se de corpo e alma a uma tarefa e não ver a reciprocidade, seja em uma explicação ou uma perspectiva de avanço. Passarelli merece mais respeito. De todos. Sem exceção.
(análise feita por Elias Aredes Junior)