Ponte Preta e Guarani começaram o ano com novos titulares na presidência. Ricardo Moisés é o novo comandante do Brinco de Ouro e Sebastião Arcanjo foi guindado ao posto máximo após uma intensa briga política. Saíram de cena Palmeron Mendes Filho e José Armando Abdalla Junior. Esses dois novos dirigentes podem contribuir decisivamente se colocarem um tema em pauta: a remuneração dos dirigentes que ocuparem o posto após as suas saídas.
Futebol passa longe de caridade. Não é diversão para quem trabalha nele. Campinas está inserido em um universo que engloba 90 mil atletas profissionais e que atuam em 19 mil partidas, de acordo com dados da própria CBF.
Bugrinos e pontepretanos, apesar das dificuldades financeiras fazem parte de uma elite. Basta dizer que apenas 5% dos atletas recebem entre R$ 5 mil e R$ 10 mil. E 80% daquilo que é pago aos atletas é concentrado em 7% dos profissionais.
Sem contar a responsabilidade de lidar com milhões e estar inserido em um setor da economia que gera milhares e milhares de empregos. Ramo que sustenta grades de televisão por assinatura e que investem milhões em direitos.
Pense. Reflita. Qual o sentido de alguém trabalhar de graça em um contexto marcado por tanta pressão e necessidade de resultados? O que justifica?
Presidente de clube tem que ser remunerado. Ponto. Ser cobrado para apresentar melhorias e acompanhar de perto a gestão do cotidiano. O Esporte Clube Bahia colhe os frutos. Time baiano decidiu remunerar os seus presidentes. Marcelo Santana foi o primeiro. Recebimentos em torno de R$ 26 mil. Remuneração do tamanho da cobrança.
As consequências são vistas: vaga na Série A e a inauguração de um Centro de Treinamento moderno. E isso só aconteceu porque o presidente sabia que não basta deixar um legado no gramado. É preciso evoluir. Sem cessar.
Dentro das condições financeiras de cada clube, está mais do que na hora de Ponte Preta e Guarani deixarem o tabu de lado e iniciarem uma discussão madura sobre o tema. E sob a conduta de seus respectivos presidentes. Afinal, como atrair bons quadros sem a devida remuneração? Não dá mais para adiar o inevitável.
(Elias Aredes Junior)