Respeito, o presente dado pelas arquibancadas para William Pottker na Ponte Preta. Uma conquista que não tem preço

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Toda novela de sucesso tem alguns ingredientes: um enredo apaixonante, cenas eletrizantes, desfechos imprevisíveis e personagens cuja as características ficam marcadas na memória. A Ponte Preta vivenciou um campeão de audiência e com final feliz. O nome? Você escolhe: “Vida de Pottker”, “Bruxo na Berlinda”, “Vale Tudo” e por ae vai.  Apropriado escrever a sinopse e destrinchar as características dos envolvidos.

Sabe aquele cara atrapalhado, sem noção, capaz de gerar suspiros e risos ou as vezes até acessos de raiva na plateia? Este é o presidente da Ponte Preta, Vanderlei Pereira. O pôr do sol enunciava uma declaração diferente. Um dia William Pottker não estava à venda. No dia seguinte, existiam conversas. Horas depois, o atacante pontepretano estava envolvido em uma negociação com Yago e Lucca. Segundos após, uma negociação não tinha nada a ver com outra. Uma trapalhada atrás da outra. Com o passar do tempo, o personagem perde o sentido e sai de fininho, sem ninguém perceber.

Os vilões? O Corinthians, sua direção e os empresários do jogador, capitaneados por Fernando Garcia. Faça uma retrospectiva neste Só Dérbi. Desde dezembro, os responsáveis por sua carreira não esconderam a vontade de tirar o atleta do Majestoso. Os motivos alegados eram os mais variados. A Ponte Preta parecia ficar em segundo plano.

Em contrapartida, o Corinthians, conduzido por uma diretoria incompetente e ávida por querer ficar em paz com a torcida, buscava não o jogador William Pottker, mas a sua grife: artilheiro do Campeonato Brasileiro com 14 gols. E após uma série de maldades, como um típico vilão de novela mexicana, o clube paulista buscou as desculpas mais esfarrapadas para justificar o injustificável. Se não for assim, como explicar o diretor de futebol, Flavio Adauto dizer que teve 9 reuniões não com a Ponte Preta e sim com os representantes do jogador? Pois é.

E o herói? Quem é o mocinho da história? Qual personagem catalisou as atenções e emoções? Sim, ele, William Pottker. Uma boa novela pede para o protagonista sofrer sem justificativa. Pottker sofreu. Teve sua credibilidade colocada em risco e torcedores duvidaram de suas intenções. Não há herói que não provoque na plateia uma sensação de desamparo diante da provável derrocada.

Por vários dias, a saída de Pottker parecia certa. Um clima de luto instalou-se nas redes sociais e o fim parecia próximo. O roteiro pede  a redenção, a volta por cima, a reconciliação com o destino. William Pottker viveu e sentiu tudo isso na entrevista coletiva concedida na sexta-feira. Explicou, justificou sua decisão e ao ver que tinha conseguido a intenção de passar o que ele é o inevitável aconteceu: o choro surgiu de modo espontâneo, sem censura e amarras.

E quem é William Pottker? Um garoto de 23 anos, sedento por triunfar na carreira e na vida. Consciente da responsabilidade de carregar a família nas costas. Um rapaz que vive em um mundo do futebol artificial, oco, de entrevistas coletivas travadas e controladas, dotado de dirigentes e empresários com atitudes erráticas, insensíveis e que vislumbram  os dividendos monetários em detrimento da satisfação pessoal do atleta. Pottker soube superar o turbilhão de pressão e de emoções e mostrar futebol. Tanto que nos dois jogos oficiais da Macaca em 2017 este Só Dérbi deu nota 7, tanto contra Ferroviária e Campinense. Prova de que seu talento ultrapassa um esquema tático calcado na mediocridade.

William Pottker adquiriu algo mais valioso que dinheiro, casas, apartamentos ou empresas lucrativas. Algo que só quem está na arquibancada pode presentear e o conteúdo vem do coração: respeito. Independente dos acontecimentos futuros, William Pottker não será reconhecido apenas com um ídolo da Ponte Preta. Será,  considerado sim um ser humano especial pela torcida da Macaca. Qual o valor disto? Não tem preço. Aproveite Pottker. Você e a torcida merecem degustar o final feliz desta novela involuntária.

(análise feita por Elias Aredes Junior)