Seleção Brasileira e a espera pela mobilização da torcida

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Estamos a menos de dois meses da realização da Copa do Mundo. O Brasil é colocado por muitos como favorito a conquista do título. Tite faz o possível e o impossível para viabilizar um bom trabalho. Até faz uma concessão e convoca atletas que estão na boca do povo como o centroavante. Pois é. O povo. 

Sem medo de errar podemos que dizer que esta é a Copa do Mundo com menor percentual de envolvimento e engajamento. Falamos da final da Copa Sul-Americana, traçamos perspectivas para a decisão da libertadores e o noticiário tem muito pouco daquilo que o Brasil irá enfrentar na primeira fase.

Vai ficar em primeiro lugar? Vai encarar quem nas oitavas de final? O time será capaz de chegar a decisão? Tite vai deixar um legado positivo? Evidente que isso é discutido e retratado em podcasts ou sites e canais que tratam do futebol de seleções.

Mas existe uma apatia presente na massa brasileira, aquela que está nas classes C, D e E. Aquela que assiste televisão aberta, que atinge um publico gigantesco. De acordo com estudo feito pela Kantar Ibope Mídiaa s emissoras da TV linear, as abertas e por assinatura – a cabo ou por satélite, são responsáveis por 79% do tempo de consumo dentro de casa. Os serviços de streaming ficam com a fatia restante, de 21%.

A Rede Globo dá destaque ao tema? Dá. Até por ser a detentora dos direitos. Mas o povão não discute nas ruas. Não há mutirão para pintura das ruas. Não existe combinação para que as pessoas assistam aos jogos uns nas casas dos outros.

Vai aumentar a temperatura com a proximidade da Copa do Mundo? Sim. Mas é inegável que o clima está morno, quicá gelado. E não coloque a culpa na atual campanha eleitoral. Outras eleições já foram realizadas em anos passados e nem por isso as pessoas não deixavam de discutir futebol, especialmente nas periferias.

Talvez o motivo seja aquele que poucos querem admitir: a elitização do futebol brasileiro começa a cobrar a sua fatura.

Afinal, há quanto tempo o torcedor pobre é expulso dos estádios brasileiros? Há quanto tempo os hábitos e consumos da classe média alta prevalecem no cotidiano do futebol?

Pergunto: como podemos desejar que este mesmo torcedor, pobre e com dificuldades, tenha interesse pela Seleção Brasileira se ele é desestimulado a acompanhar o seu próprio clube?

No passado, o escrete canarinho era o complemento daquilo que se via e vivia dentro do estádio e nos espaços sociais. Hoje, trabalham mais e mais para que o futebol seja propriedade de uma casta. O povão percebeu a expulsão sumaria. E decidiu procurar o que fazer. Copa do Mundo? Só em dias de jogo. E olhe lá. Uma pena.

(Elias Aredes Junior com foto de Lucas Figueiredo-CBF)