Sobre Felipe Moreira e sua fritura lenta, gradual e segura na Ponte Preta

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Incrível como os erros são repetidos na Ponte Preta. Equívocos de gestão que colaboram para destruir até os resultados positivos obtidos no gramado e nos bastidores. O atual técnico Felipe Moreira é uma prova viva de tal expediente.

Não aprecio seu trabalho. Acho que pratica um futebol pobre, sem imaginação e focado no aspecto defensivo. Poderia ser melhor. Muito melhor. Tal avaliação não impede de vislumbrar o fato de que foi um profissional colocado pela diretoria em substituição a Eduardo Baptista. A intenção era promover uma renovação no quadro de treinadores. Por enquanto não dá certo por um único aspecto: falta de comunicação.

Presenciamos dia após dia, minuto a minuto, um processo de fritura lento e gradual tanto do treinador como do gerente de futebol, Gustavo Bueno. Parte significativa das arquibancadas não suporta. Detalhe: são filhos de craques históricos do clube, Dicá e Marco Aurélio. O patrimônio construído pelos pais, útil como blindagem, virou pó.

A Macaca jogou mal contra o Red Bull e colheu um empate amargo, cenário repetido diante do Linense por causa das falhas individuais. Mais: digamos que os pênaltis não tivessem existido e a Macaca tivesse vencido. O que teria sobrado? Um futebol raso, sem imaginação e fadado a queimar  jogadores de bom quilate técnico.

Reconheço o argumento velho e desgastado. Mas a pergunta é inevitável: qual dirigente apareceu para defender a validade do trabalho de Felipe Moreira e de Gustavo Bueno? Eu respondo: ninguém.

Quando digo de defesa não me refiro a teses publicadas em redes sociais. Nem a visitas surpresas em treinamento e retirada estratégica com a boca fechada. No atual estágio, nem declarações rápidas, proferidas após as partidas tem validade. Falo de declaração oficial, em entrevista coletiva convocada, com o dirigente dando a cara a tapa, pronto para responder qualquer pergunta. Clubes enfrentam problemas semelhantes ao da Macaca e a postura é bem diferente.

Fábio Carille passou por período de instabilidade e Roberto de Andrade nunca deixou de prestar apoio. Se Jair Ventura hoje degusta o prestigio de ter levado a classificação a Copa Libertadores deve-se em grande parte ao incentivo público e explícito do mandatário Carlos Eduardo Pereira. Zé Ricardo sofre ainda por certa desconfiança e os dirigentes do Flamengo não saem da reta. Bancam o trabalho.

A diretoria executiva da Ponte Preta reclama e murmura sobre a exigência de parte da torcida e da imprensa. Pois bem. Como acreditar na crença de que Felipe Moreira e Gustavo Bueno são as figuras adequadas em seus cargos se pessoas como Hélio Kazuo, Vanderlei Pereira e Sérgio Carnielli estão mudos e calados?

E os outros componentes da diretoria?O que impede de vir a imprensa ou até gravar um vídeo de apoio ao treinador e publicar no site oficial? Ou não querem assumir a responsabilidade de um trabalho que por enquanto traz mais incertezas do que perspectiva de futuro?

No final, chego a conclusão de que Felipe Moreira e Gustavo Bueno são mais vitimas do que vilões. Vítimas de um método administrativo em que a emoção, os anseios e a paixão da torcida parecem (parecem!) que estão colocados em segundo plano e onde números tem mais valor do que pessoas ou um gol decisivo. Difícil acreditar no êxito.

(análise feita por Elias Aredes Junior)