Um abecedário para celebrar os 107 anos de fundação do Guarani Futebol Clube

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O Guarani completa nesta segunda feira, dia 02 de abril, 107 anos de existência. Personagem destacado do futebol brasileiro, o clube vive a expectativa de buscar o acesso à divisão de elite do futebol paulista. Sua história pode ser dividida em glórias, fracassos, frustrações e vitórias. Em todos estes momentos, heróis involuntários ou anônimos foram preponderantes na construção do peso e da tradição de uma camisa que é a segunda pele de muitos torcedores.

Neste artigo especial, vamos utilizar o abecedário para enumerar e descrever pessoas de carne e osso e que foram vitais na formação de uma legião de seguidores.

Antônio de Oliveira Filho – Com 17 anos, conquistou o título brasileiro com o Guarani sobre o poderoso Palmeiras. Faturou a taça de Prata de 1981 e ainda formou com Jorge Mendonça uma dupla de ataque que só foi  parada pelo Flamengo de Zico em 1982. Fez 117 gols com a camisa bugrina. Para muitos, o principal jogador da história do clube. Careca é um ícone.

Brinco de Ouro – O estádio inaugurado em 1953 foi palco de fatos inesquecíveis como as conquistas da Taça de Ouro de 1978 e da Taça de Prata de 1981. O maior público da história do futebol de Campinas aconteceu no local, com 52.002 pessoas para presenciar os três gols de Zico e os dois gols de Jorge Mendonça válidos pela Semifinal da Taça de Ouro em 1982. O estádio ainda abrigou o amistoso realizado no dia 05 de maio de 1990 com vitória brasileira por 2 a 1 e presenciada por 47.132 torcedores.

Carlos Alberto Silva – Revelado pela Caldense no final da década de 1970, o mineiro chegou de mansinho. Com personalidade forte, comando e idéias novas, foi o arquiteto de campanhas marcantes: campeão brasileiro de 1978, quarto lugar na Libertadores de 1979, sexto lugar no Paulistão de 1984, terceiro lugar no Brasileirão de 1994 e oitavo lugar no campeonato nacional de 1999. O rebaixamento no Paulistão de 2001 foi insuficiente para macular uma trajetória de êxito e sucesso em 297 jogos. É para poucos.

Dimas Monteiro O ex-goleiro foi fundamental na década de 1980. Formou goleiros como Sidmar e Sérgio Néri. Mudou os parâmetros para a preparação de goleiros no Brasil.

Carlos Alberto Silva e Amoroso: protagonistas de campanhas memoráveis
Carlos Alberto Silva e Amoroso: protagonistas de campanhas memoráveis

Evair Ele começou nas categorias de base como meia armador. Foi deslocado para centroavante e seu primeiro auge ocorreu em 1986, quando foi vice-artilheiro do Campeonato Brasileiro com 24 gols, um atrás de Careca, campeão pelo São Paulo. Também foi protagonista do vice-campeonato paulista de 1988 e posteriormente foi vendido para o futebol italiano. Marcou 73 gols com a camisa bugrina.

Fumagalli Ele constrói a história diante dos olhos de seus seguidores. Tem 305 jogos disputados e 90 gols anotados. Foi vice-campeão paulista em 2012 e participou do acesso da terceirona em 2016. Mais: não abandonou o clube em tempos de vacas magras. A idolatria tem justificativa.

Gratidão É a palavra que poderia ser direcionada para José Duarte, o técnico com maior número de jogos disputados no banco de reservas do Guarani: 404. Condutor da campanha que culminou com a conquista da Taça de Prata em 1981, trabalhou e ajudou a evoluir jogadores como Ederson, Lúcio e Ernani Banana.

Hiran No dia 27 de fevereiro de 1997 o Guarani perdia por 3 a 2 para o Palmeiras no Brinco de Ouro. Em uma bola

Evair, um artilheiro feito para o mundo
Evair, um artilheiro feito para o mundo

parada, a cabeça do goleiro Hiran apareceu e balançou as redes. Um feito visto por 13.357 torcedores naquela partida válida pela fase inicial do Campeonato Paulista.

Invasão É a palavra da moda do torcedor bugrino na Série A-2 do Campeonato Paulista. Diante do XV de Piracicaba, mais 2,5 mil bugrinos fizeram questão de ratificar o mantra reinante nas arquibancadas: a equipe nunca será abandonada.

Jorge Mendonça Contratado junto ao Palmeiras, o meia assumiu a camisa 10 e fez história.  Marcou 88 gols com a camisa bugrina e só não superou Careca, com 117. Seu futebol ofensivo, criativo e de extrema habilidade só não foi reconhecido em 1982 porque Telê Santana ainda guardava ressentimentos de um desentendimento com o jogador ainda na época de Palmeiras. Mesmo assim, ele e Careca competem pelo cetro de maior jogador da história do clube.

Leonel Martins de Oliveira e Luiz Roberto Zini Ao fazer a soma dos mandatos dois dirigentes chegamos a quase 30 anos. Uma rivalidade nos bastidores que trouxe fatos positivos como a obsessão pela gestão responsável e a busca de jogadores de qualidade e baratos. Uma pena que tamanha disputa também sido uma das responsáveis pelas crises vividas a partir de 1999.

Márcio Amoroso Na prática, ele disputou apenas um campeonato quase na integralidade, o Brasileirão de 1994. Após estadia no Flamengo, rodou o mundo: Udinese, Borussia Dortmund e São Paulo. Mas nunca esqueceu o Guarani. Sempre recorda suas origens. Com justiça, virou ídolo das arquibancadas.

Neto Brasil de Oliveira lhe chamava de Neto Lock. Estreou no Guarani com 16 anos e a rebeldia lhe fez ser emprestado primeiramente para o Bangu, São Paulo e depois voltou ao Brinco de Ouro. Fez um gol antológico de bicicleta diante do Corinthians no Morumbi. Posteriormente, construiu bela história no Corinthians. Também foi

305 jogos e 90 gols: um camisa 10 que faz jus ao protagonismo
305 jogos e 90 gols: um camisa 10 que faz jus ao protagonismo

dirigente do Guarani. No entanto, as recordações do gramado falam mais alto.

Oswaldo Alvarez Na primeira vez, um desentendimento com Djalminha abreviou sua estadia. Era 1995. Voltou dois anos depois para tirar o time do rebaixamento e ficou um ano no cargo, recorde da gestão de Beto Zini. Seu retorno em 2009 ocorreu de forma triunfal. Montou um time às pressas e conseguiu o vice-campeonato e o acesso no Brasileirão. Três anos depois, novos obstáculos e a vitória no dérbi lhe assegurou o passaporte para a final contra o Santos. Tem 204 partidas pelo Guarani e aproveitamento total de 50,5%. Vadão está cravado na linha do tempo do Guarani.

Poder de ressurgimento Acessos na Série A-2 em 2007, 2011 e agora na luta em pleno 2018; passaporte carimbado para divisão superior nas terceironas de 2008 e 2016; vice-campeão na Série B de 2009. Qual o time no Brasil pode ostentar tamanha força de ressurgimento? Apesar de tudo…

Jorge Mendonça: decisivo e craque em todos os minutos
Jorge Mendonça: decisivo e craque em todos os minutos

Quinze anos De 1987 a 2002, o Guarani disputou 14 clássicos com a rival Ponte Preta. O saldo foi de seis vitórias e oito empates. O encanto só foi quebrado no dia 28 de outubro de 2002, quando o Alviverde por 4 a 2 no Brinco de Ouro. Mas a marca inesquecível já estava estabelecida.

Renato Ele é discreto. Não quer chamar atenção. Mas sempre faz diferença. Desequilibrou em 1978 na conquista do título brasileiro. Ajuda no dia a dia, seja nas categorias de base ou em conversas com garotos e dirigentes. O antigo camisa 8 ainda faz golaços. Na bola e na vida.

Sérgio Donizete Luiz Este é o verdadeiro nome de João Paulo. Rápido, insinuante, bola colada no pé, era um tormento aos zagueiros adversários. Fez 45 gols com a camisa bugrina e um infindável número de assistências. Tem no currículos os vice-campeonatos brasileiro de 1986 e o Paulistão de 1988. Pode apostar: se atuasse no futebol atual seria disputado a tapa pelas principais potências da bola.

Tânia Regina Cardoso Santana Poderia escolher diversos torcedores para representar o Guarani. Bozó era folclore e inocência, por exemplo. Só que a famosa “Tia Tânia” é aquilo que deveria ser o verdadeiro torcedor. Ou seja, aquele que não deseja nada em troca do clube. Organiza caravanas, cuida do memorial do clube e, de quebra, encontra tempo para frequentar o tobogã, a verdadeira taba aos bugrinos sem posses e dinheiro no bolso.

Único Com as disparidades na distribuição de recursos, dá para apostar que, por anos e anos, o Guarani vai vangloriar-se de ser o único campeão brasileiro oriundo do interior do Brasil. E com uma sequência de 11 vitórias, recorde que não foi batido após quase 40 anos.

Vasco No dia 06 de agosto de 1978, diante de 101.541 pagantes, o Guarani enfrentou o Vasco da Gama pelas semifinais da Taça de Ouro. Já tinha vencido o jogo de ida por 2 a 0. Agora era o batizado. Não negou fogo. Com dois gols de Zenon, o placar de 2 a 1 foi o carimbo da maturidade de uma equipe pronta para ser campeã.

Xerocópia O Guarani de Campinas é o mais famoso. Mas existem outros exemplares espalhados pelo Brasil como a agremiação de Divinópolis (MG). Existem ainda outros quatro “primos” no Rio Grande do Sul e um no Paraguai, responsável por eliminar o Corinthians na Libertadores de 2015.

Zé Carlos\Zenon Um marcava e liderava como poucos. O outro era capaz de lançamentos longos e chutes de média e longa distância capazes de estremecerem os gramados espalhados pelo Brasil. Um jogava com a 5. Outro com a 10. São os maestros de uma campanha inesquecível.

(artigo de autoria de Elias Aredes Junior/foto: Letícia Martins – Guarani Press)