Um lembrança sobre Danilo Villagelin, um dos arquitetos da alma pontepretana

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A vida é breve. Produz saudade. Deixa marcas e lembranças para carregar na alma e no peito. Pelo resto da vida. Pobre daquele que não deixa atitudes e comportamentos como legado. O futebol, aquela brincadeira séria forjada por homens e mulheres, é o palco ideal. Somos protagonistas e ao mesmo tempo coadjuvantes. Alguns, entretanto, conseguem decorar com maior sabedoria o roteiro da vida. Poucos se encaixam em tal descrição com tamanha perfeição como o Danilo Villagelin, pontepretano que se estivesse vivo completaria 67 anos.

Surge a dúvida: ele não foi presidente, dirigente de destaque e vira destaque no site. Mas quem determinou os cargos como a passarela dos heróis? Como ignorar a luta dos anônimos, daqueles que não querem nada em troca para transformar um clube em um sentimento, uma parte integrante da alma de milhares? Creia: Danilo Villagelin foi um desses arquitetos da alma pontepretana.

Nunca pediu nada em troca. Jamais sugou a Ponte Preta. Queria a sua felicidade e dos desvalidos que torciam pela Macaca. Vivia a Alvinegra de modo intenso. Para cada dia do ano sabia um fato ou feito do clube. Na ponta da língua. Em 2003, engravatados, atletas e até torcedores largaram o clube na mão.

O rebaixamento parecia um destino selado. O médico Danilo lutou contra todos os diagnósticos e lutou até o fim. Colheu a permanência como prêmio. Comemorou como criança ao lado de vários com espirito de menino.

Em semana de dérbi, seus amigos relatam que vivia a rivalidade como poucos. Dentro e fora do campo. Uma dessas passagens aconteceu no dia 28 de abril de 2001. Na ocasião, a Ponte Preta entrou no estádio Décio Vitta para encarar o Rio Branco. Confronto decisivo pelo Paulistão. O Tigre precisava somar um ponto e assim assegurar a classificação. A Alvinegra venceu com dois gols de Washington e segurou o resultado, apesar das expulsões de Piá e do goleiro Alexandre, o que fez o volante Dionísio ser improvisado. Doutor Danilo estava no estava no estádio.

Um belo presente de aniversário. Comemoração? Celebração? Nada disso. O médico apaixonado pela Macaca não pensava em outra coisa senão o empate do Guarani com a Portuguesa Santista e que decretou a queda do rival.

Foi repreendido, mas não deu bola. Porque Danilo Villagelin vivia a Ponte Preta do seu jeito. Amava sem querer nada em troca. Faz uma falta danada.

(artigo de autoria de Elias Aredes Junior)