Um pedido público de desculpas para João Dermival Brigatti, técnico da Associação Atlética Ponte Preta

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Diversas vezes fui alertado sobre a necessidade de adotar uma postura mais distante nas análises. Que de certa maneira escondesse minha humanidade, falhas e exageros. Não consigo. O jornalismo esportivo é parte da minha vida. Ponte Preta e Guarani é parte integrante do meu DNA e personalidades. E alguns procedimentos eu faço sim. Sem temer ser piegas, sem noção. Faço para ficar em paz de espírito. E saber que fiz a coisa certa.

Quando presenciei a vitória da Ponte Preta, domingo, no Majestoso, diante do Fortaleza, por 2 a 0, eu só tinha algo em mente. Nada de análises, conjecturas ou formulação de estudos rebuscado. O meu dever como jornalista profissional e ser humano que sou era encaminhar um pedido público de desculpas ao treinador João Dermival Brigatti, 54 anos, treinador da Ponte Preta.

Sim, eu já lhe critiquei. Por diversas vezes. E com merecimento. Mas reconheço que hoje poderia ter abordado a questão de outra forma ou maneira. Não para passar pano ou querer sua amizade. Sinceramente, não me interessa. Podemos e devemos nos relacionar de modo maduro no futebol sem esperar em troca amizades, sorrisos e reconhecimentos. Reconheço que errei ao passar do ponto ao de certa forma ferir involuntariamente a sua dignidade enquanto profissional.

Aconteceu porque no fundo somos duas pessoas com perfis parecidos. Ele apaixonado pela Ponte Preta e mesmo com o desejo de querer o melhor para sua trajetória profissional, por vezes, troca os pés pelas mãos. Assim como fiz tal procedimento por diversas vezes. Porque entendo o jornalismo esportivo como sacerdócio para lutar por um futebol campineiro melhor. Somos humanos. Falhos.

Sim, eu sei que o entorno dele me pinta como um demônio. Funcionários da Ponte Preta e parentes. Alguns até usaram as redes sociais para celebrar o meu sofrimento. Isso não importa. Pouco interessa. O que importa é que a Ponte Preta está entregue a um profissional que ainda não tenha o preparo refinado de outros profissionais, é um cara que ama a instituição.

Neste instante o fato é que a diretoria da Ponte Preta deveria tomar duas providências. A primeira é a de efetivar Brigatti, comprovadamente com bom trabalho, com bom entrosamento com os atletas e que jamais reclamou da parca qualidade do grupo. Também a Macaca deveria contratar um profissional de psicanálise. Motivo? Simples: para que ele encontre formas de canalizar ainda mais o seu amor e devoção pela Ponte Preta para um rendimento profissional satisfatório. E isso não é querer chamar de louco ou coisa parecida. É fazer com que ele utilize o conhecimento humano para saber lidar ainda melhor com sua principal matéria-prima, seres humanos com sonhos, frustrações e personalidades distintas.

Da minha parte, não abrirei mão de apontar os erros e falhas de seu trabalho. É minha função. Mas sempre terei em conta que do outro lado existe um ser humano legal e especial, conforme o testemunho que já recebi de amigos próximos e profissionais de imprensa.

Para o bem da Macaca, que você, João Brigatti, chegue longe na Série B. E que aceite minhas desculpas pelas vezes em que excedi. Que Deus abençoe você e a Ponte Preta.

(texto de autoria de Elias Aredes Junior)