Uma análise sobre as eleições, Vanderlei Pereira, Sérgio Carnielli e o legado construído na Ponte Preta: o ódio ao semelhante!

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No final de sua trajetória como novelista, Cassiano Gabus Mendes escreveu “Meu Bem, Meu Mal”, uma saga sobre a família Venturini, comandada por Lázaro Venturini, interpretado por Lima Duarte. A cena final mostra uma das protagonistas, Isadora Venturini, indo embora dentro do seu carro, sem ninguém. Não era para menos. Durante toda a história, a primeira protagonista interpretada por Silvia Pfeifer nas telinhas espalhava ódio, ressentimento, dissensão e falta de empatia ao semelhante. Terminou sozinha.

Impossível dissociar o enredo do dramalhão brasileiro às eleições na Ponte Preta, cujo capítulo final será na tarde desta quinta. Amparado por um colégio eleitoral pífio de 835 eleitores, a chapa “Sempre Ponte Preta”, liderada por Vanderlei Pereira e chancelada por Sérgio Carnielli, ganhará mais quatro anos de mandato.

É uma vitória de pirro. Não por causa da incapacidade da oposição de montar a sua chapa, mas pelo legado montado tijolo a tijolo pela atual administração, cuja marca pode ser resumida em uma frase: ódio ao semelhante.

Faça a montagem de uma linha do tempo. Carnielli chegou ao poder não pelo voto, mas porque rompeu com a cabeça de chapa da ocasião, Nivaldo Baldo. Viraram inimigos. Após nove anos, foi a vez de cortar relações com Marco Antonio Eberlim, o vice presidente de futebol responsável por conduzir a Ponte Preta, em 2001, às semifinais do Campeonato Paulista, às quartas de final do Brasileirão e entre os quatro da Copa do Brasil. Em 2006, uma briga, cuja as características não foram bem explicadas, culminaram com a saída de Eberlim. Outro desafeto no currículo.

No final de 2010, Sérgio Carnielli considerou uma tacada de mestre nomear Miguel di Ciurcio e Márcio Della Volpe para tocar o cotidiano do futebol da Macaca. Quatro anos depois, acusações de todos os lados e Di Ciurcio e Della Volpe estão rompidos com o presidente de honra.

Na política, pessoas com pensamentos tão diferentes nutrem relação civilizada. Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva estenderam a mão um ao outro quando perderam suas esposas. Nos Estados Unidos, os ex-presidentes são considerados basilares da nação, uma reserva de inteligência e informação.

O que acontece na Ponte Preta? Sérgio Carnielli e Vanderlei Pereira conseguiram a proeza de distanciar-se de dirigentes históricos. Pedro Antonio Chaib? Não conversam. Lauro Moraes? Não há diálogo. Marcos Garcia Costa? Não querem nem ouvir falar o nome. Pontepretanos históricos que poderiam colaborar neste momento difícil são limados porque pensam diferente.

Você verá, no início da noite de hoje, Sérgio Carnielli e Vanderlei Pereira em abraços com correligionários e aliados após mais vitória. Mais quatro anos. Será um triunfo sem torcida, sem calor humano, sem esperança, paixão e, principalmente, sem um níquel de mensagem de paz. Vão cantar o hino e festejar, mas será como se estivessem de uma igreja vazia, sem altar, sem bancos, até sem um Ser superior para lhes orientar. Tudo vazio, opaco, sem sentido.

O ódio venceu na Ponte Preta. Podem acreditar: Sérgio Carnielli e Vanderlei Pereira, infelizmente, ostentam boa dose de responsabilidade. Uma pena.

(análise de Elias Aredes Junior)

1 Comentário

  1. “Vão cantar o hino e festejar, mas será como se estivessem de uma igreja vazia, sem altar, sem bancos, até sem um Ser superior para lhes orientar..”

    Se é que sabem o Hino