Estimados integrantes da Diretoria Executiva da Ponte Preta:
Olá? Tudo bem?
Pensei, relutei e quase desisti de escrever estas mal traçadas linhas. Só que fatos e acontecimentos são tão gigantescos que não pude ficar travado. Decidi escrever esta carta porque creio que vocês, dirigentes, sem distinção, querem o melhor para a Ponte Preta. Sonham com títulos, conquistas, crescimento e a libertação de um jugo pesado, forte e sem fim. Tenho o mesmo pensamento.
Nos últimos meses, tenho convivido com mensagens de Whatsapp, Facebook e até testemunhos pessoais de que existe uma resistência ao meu nome dentro da diretoria executiva. Alguns até duvidam do meu cárater e teriam utilizado pombos correios para espalhar tal versão entre a torcida e formadores de opinião.
Fico triste. Tenho convicção de que são inverídicas e falsas pela minha história de vida e da família.
Mas a tristeza é a constatação de que vocês, dirigentes de um clube potente como a Ponte Preta, infelizmente não compreendem o papel da imprensa e do jornalismo esportivo. Que não é de torcer. Esta é a função do torcedor. Não é de fazer festa ou ufanismo. Isto é para o narrador, especialmente os talentosos. O jornalista, seja na função de comentarista ou de repórter tem funções especificas: fiscalizar o poder, analisar, traçar rumos e caminhos e se possível antecipar tendências.A impressão transmitida por vocês dirigentes da Ponte Preta é que cometem uma injustiça.
Esquecem ou ignoram os fatos positivos já exaustivamente mostrados neste Só Derbi, como o controle das contas, o superávit no balanço, a constante presença em competições internacionais, a boa sacada de utilizar a Copa do Mundo para reformar as instalações do Centro de Treinamento do Jardim Eulina, o aumento das cotas de televisão, o terceiro ano consecutivo no Brasileirão. Não faltam adjetivos. Em 20 anos vocês tiram o time do buraco. De um estado pré-falimentar. Esse feito ninguém tira de vocês e nem do líder do grupo político, Sérgio Carnielli.
Só que esses elogios parece que não bastam. A impressão transmitida (repito: impressão!) por vocês é que não desejam críticas, como também querem rendição total e absoluta de todos que tecem criticas e análises. Todos de joelhos.
Pergunto: o que a Ponte Preta ganha com isso? Sim cabe a pergunta: o que é ganho com a tentativa de se transmitir um mundo cor de rosa, sem falhas, máculas e defeitos? Para ser justo, a inconformidade pelas críticas não é um sentimento atual: Marco Antonio, Eberlim, Márcio Della Volpe, Ocimar Bolicenho…Todos, de um jeito ou outro nunca ficaram inconformados com as críticas e tinham reservas ao trabalho desenvolvido por jornalistas criticos.
Sejamos francos: como um jornalista pode considerar-se plenamente satisfeito com sua função sem criticar as contratações feitas para o Campeonato Brasileiro? O que dizer da aparição relâmpago de Xuxa, uma contratação sempre contestada? Como defender a gestão do futebol diante da qualidade do elenco montado para o Brasileirão? Naldo, Jadson, Fábio Ferreira,..O que não falta é peça de má qualidade. E o que vocês querem? O silêncio? Vistas grossas dos jornalistas? Entenderia se a função de análise estivesse inserida a paixão, a emoção, a inconsequência. Não é assim. A crítica faz parte. É do roteiro de qualquer jornalista minimamente preparado e ciente de sua missão.
Por incrível que pareça, não consigo recriminar este posicionamento. Compreendo. É um reflexo da formação do nosso país. Desde a época do descobrimento, passando pela Independência, proclamação da República, até pela nossa época atual, em que uma parte de nossas elites sempre tiveram dificuldade de compreender a necessidade do debate e da troca de ideias. Seja qual for o personagem envolvido do outro lado: rico, pobre, classe média, operário, remediado…É do pensamento e do conhecimento que acontece o crescimento de uma instituição.
Por que fiz tal analogia? O motivo: vocês, integrantes da diretoria executiva são bem sucedidos, ricos, poderosos e influentes não somente dentro da Ponte Preta, como na própria cidade de Campinas. Natural que com o passar do tempo, o exercício da administração, os holofotes e a repercussão das declarações transmita um ar de onipotência, infalibilidade. É natural. Humano. Somos falhos. Dirigentes não fugiriam desta constatação. Afinal, quem nunca foi pego pelo vírus da vaidade?
Compreender este cenário é fundamental para tocar a Ponte Preta. Que não é um clube qualquer. Tem raízes populares. Abrigo para pobres, negros e excluídos. Como fechar-se em um gabinete com ar condicionado e ignorar os clamores, necessidades e anseios de uma massa ávida por um título? A tarefa do jornalista é saber captar estes anseios e por intermédio de seu conhecimento e lastro viabilizar por intermédio de artigos e reportagens que aqueles que estão no olimpo saibam aquilo que deseja a planície. E apontar os equívocos de um lado ou de outro.
Explico para dizer algo simples: não desejo o mal de ninguém. Seja de técnico, jogadores e dirigentes. Antes de tudo, eu quero o bem da Ponte Preta. E a minha contribuição não é por intermédio da bajulação, puxa-saquismo, manipulação ou disfarce de notícias. Seja na Rádio Central e no portal Só Dérbi, a contribuição que eu e meus colegas destes veículos e comunicação podemos fazer é aplicar um jornalismo critico, plural e independente. E que não fecha a porta para que as versões sejam colocadas.
Pois este jornalista já conversou em lugares públicos (bares, restaurantes) com dirigentes e treinadores de Guarani e Ponte Preta para ouvir e entender suas demandas e problemas. A partir daí, tirei conclusões, com manutenção ou não de minhas convicções.
Com vocês, lógico, não será diferente. Tanto vocês como eu possuímos o mesmo objetivo: o crescimento da Ponte Preta. E isso não será obtido com rancor, ressentimento, separatismo, retaliação ou ódio e sim com maturidade, ideias, profissionalismo e entendimento do papel de cada um nesta selva chamada futebol.
Um abraço
Com estima
Elias Aredes Junior
Jornalista
Este corpo diretivo da Ponte não pensa duas vezes para até forçar sua demissão se você não for cordeirinho.
Dão grana pra todas rádios e até alguns repórteres de jornais e sites. Cuidado Elias, eles não pensam nem na Macaca. Não iriam pensar em você.
Há muito que observamos essa intransigência dos que dirigem o futebol na nossa cidade. Não admitem comentários ou constatações que não vão de encontro àquilo que desejam. O que observo em algumas ocasiões é a repetição das críticas por parte dos comentarista, o que pode ser explicado, pela constatação, de que as críticas não são assimiladas por aqueles que dirigem e também pela omissão dos dirigentes, que não se apresentam, para para explicar as situações dos clubes. No caso da Ponte fica ainda mais fácil observar o distanciamento dos dirigentes na relação com a torcida. Precisamos sim de uma imprensa presente que provoque o debate, afinal a instituição é pública e deve estar aberta aos esclarecimentos.