Uma reflexão sobre a idolatria ao técnico Jorginho Campos na Ponte Preta

9
1.065 views

Idolatria não se explica. O futebol fornece razões desprezadas pela coerência. Resultados são importantes e fundamentais. Em outras, a frustração serve como combustível de uma admiração capaz de atravessar gerações.

A Ponte Preta vive tal fenômeno com o técnico Jorginho Campos. Ele teria motivos para ser habitante do vale do esquecimento. Ser mais um. Em contrapartida, em toda a saída de técnico o seu nome é ventilado. Virou um fantasma. Paira sobre a cabeça de pretendentes.

Pelos números frios, não faltariam motivos para criticas. Participou da campanha que culminou com a queda no Brasileirão de 2013. Perdeu jogos emblemáticos, como diante do Náutico, quando o ingresso a R$ 2 ou R$ 1 atraiu 12.265 pagantes ao Majestoso. Derrota de virada por 2 a 1.

A Sul-Americana deveria ser a pá de cal. Perdeu para o Lanús por 2 a 0 e cometeu erros na escalação. Fernando Bob na lateral-esquerda e Magal de volante se constituiu uma destas montagens impossíveis de compreender. Sem sentido nenhum. Poderia receber a alcunha de professor pardal. Nada colou. Virou ídolo de parte relevante da torcida. Por que? Qual o motivo?

Para entender tal sentimento, uma viagem a nossa trajetória é necessária. Todos temos conquistas. Casamento, um carro novo, a formatura no ensino superior ou a aquisição de uma residência. O alcance do topo não é feito de modo solitário. Temos uma companhia, um aliado de ocasião para nos incentivar e buscar o sonho dourado. Mãe, pai, tio, sobrinho, amigo…as possibilidades são infinitas.

Este foi o pulo do gato de Jorginho. Ao desembarcar no estádio Moisés Lucarelli, as arquibancadas eram lotadas de sonhos. De ser campeão. De erguer uma taça. Ser eternizado. Desejo adormecido pelo discurso do presidente de honra Sérgio Carnielli e de seus integrantes de diretoria (inclusive o atual oposicionista Márcio Della Volpe) de que o futebol brasileiro transformou-se em extensão do país e a desigualdade de renda permitia a Ponte Preta, no máximo, viver uma vida de classe média baixa: com poucos recursos e dignidade.

Eis que a tormenta do rebaixamento não impediu Jorginho de propor um pacto pelo titulo. Venceu o Velez Sarfield e a avalanche parecia avassaladora. Trucidou o São Paulo e a final parecia a estação final de um desejo coletivo, capitaneado por um treinador com passagens pela Seleção Brasileira e especialista no caminho das pedras. Sabia disputar um título. Conhecia o sabor do olimpo. Como duvidar? De que forma ficar fora da proposta irrecusável?

A experiência impactou. As declarações do próprio treinador após a derrota para o Lanús eternizaram o seu legado. “Queria que nossa torcida tivesse essa alegria (na ocasião, ele apontou para as arquibancadas do estádio do Lanús e chorou). Demos nosso melhor, mas não conseguimos completar o ciclo, uma campanha maravilhosa na Copa Sul-Americana”, disse Jorginho logo após o apito final. A gente sabia do poder dessa equipe. Se saíssemos na frente (no placar) iriamos sair com a vitória. Foi uma experiência maravilhosa para a Ponte. Cansei de perder títulos e no ano seguinte ser campeão”, disse Jorginho.

Suas frases e posturas deixaram no ar a impressão de uma obra inacabada. Que torcida espera que seja completada. Conseguirá? As arquibancadas querem voltar a sonhar e abraçar a realidade tão desejada.

(análise feita por Elias Aredes Junior)

9 Comentários

  1. Elias, li a materia inteira não encontrei a reflexão sobre a obsessão pelo Jorginho. Alias, antes de falar em obsessão da torcida da Ponte pelo Jorginho, temos que falar de que parte da torcida que pede sua volta. Existe um perfil desse torcedor. É o torcedor que não tem preocupação nenhuma com as finanças do clube, por ele, a diretoria tem que contratar os melhores a qualquer custo e tentar ganhar algo; É o torcedor que só vai no campo se a Ponte fizer promoção de garrafa Pet e mesmo assim, na hora que um de nossos jogadores errarem o primeiro passe, esse torcedor vai cornetar e xinga-lo; É o torcedor que mal frequenta o estadio, só vai em jogos contra os grandes – e quando vai – e tem uma serie de discursos prontos pra defender seu “abandono” ao time; Se o time perder um jogo em casa na temporada, pronto! Não pisa mais no estadio a não ser que ganhe umas 7 seguidas.
    Ou seja, pra mim, esse tipo de torcedor tem nome. É o torcedor modinha! Que nada entende de futebol, que nada contribui com o time e muito espera. Tipico dessa geração de garotada sub 25 que temos hoje. A geração dos “direitos”. Vivem esbravejando: Eu tenho direito disso, tenho direito daquilo! Mas as obrigações não sabem uma se quer! Querem um emprego com vale alimentação, vale transporte, Ferias, convenio medico, das 9:00 as 17:00 de segunda a sexta e mais nada! Se der 17:00 e for a hora de ir embora e tiverem no meio de uma ligação com um cliente é capaz de desligar na cara do cliente com a justificativa que ja “deu meu horario”. Compromisso ZERO com a causa!
    Sonho em ver o Majestoso sempre cheio novamente como era em ate o fim da decada de 90 e incio de 2000. Naquela epoca não importava se a Ponte havia ganhado ou perdido o ultimo jogo, se tinha um bando de cabeça de bagre vestindo nosso manto, se iriamos pra semi final ou não. O que importava mesmo era ir pro estadio e fazer nossa parte de torcedor. Afinal, meu amor pelo clube é gratuito. Nao exijo nada em troca. Claro que tenho expectativa do clube ser sempre um pouco melhor do que foi ontem. E isso vem acontecendo.
    O verdadeiro torcedor da Ponte Preta nem gosta muito de futebol. Gosta mesmo é da PONTE PRETA.

  2. Todo torcedor merece respeito…E tem reflexão no texto sim. Eu expus os argumentos e cheguei a conclusão. Mas a essa altura do campeonato não dá para ensinar sobre as caracteristicas de texto argumentativo…Vida que segue…

  3. Caro Elias, que voce escreve 100 vezes (ou mais) melhor que eu não ha duvidas. Ate pelo oficio e diferenças de nossas profissões.
    O minimo que se espera de um jornalista é que tenha uma boa escrita. MAs fora isso tem mais um monte de atributos desejaveis ne? Se não, um professor de portugues poderia se auto intitular Jornalista. Mas essa altura do campeonato não da pra ensinar as caracteristas necessarias para um JORNALISTA elaborar texto com o minimo de imparcialidade. Ja que, bom conteudo, criatividade, coerencia com os temas abordados ja é pedir demais né. Vida que segue…

  4. Samuel estou de acordo com voce. Parece que ha uma perseguicao do jornalista com a presidencia do clube, e que faz uma boa gestao.

  5. Quem se dá ao trabalho de ler os comentários que são postados, automaticamente lhe vem a vontade de também tecer algum sobre o que acabara de ler, e esse é o meu caso. Mas, sem me alongar, gostaria de deixar aqui a minha opinião somente sobre a afirmação de um leitor quando este disse que pontepretano não gosta de futebol e sim da Ponte Preta. Na realidade, é o contrário: quem não gosta e não entende nada de futebol jamais pode ser chamado de torcedor, e sim de simpatizante, quando muito. Abraço a todos.

  6. Infelizmente, Samuel não estamos na sua empresa para você impor sua opinião e seus dogmas. Aqui é um espaço em que eu escrevo os artigos e as pessoas podem expor suas visões. E sempre entendendo e respeitando o outro lado. Algo que infelizmente parece que está longe de suas diretrizes. Lamento.

  7. Elias, eu apenas disse que não vi reflexão no seu texto e coloquei minha opinião.
    Ai voce deu a resposta que me deu. E eu respondi no mesmo tom que voce.

  8. Carlos, se voce fosse pontepretano voce deveria saber que essa frase que eu usei e voce usou para me desqualificar aqui é na verdade uma citação a uma musica da Ponte Preta. Que é cantada nas arquibancadas e tocada em TODOS os jogos no Moises Lucarelli pela propria PONTE PRETA. Procure ir de vez enquando no estadio que voce irá ouvi-la e passará a entender o porque eu metaforicamente a usei ok?