Uma reflexão sobre futebol e a mulher no Brasil machista do Século 21

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Nesta sexta feira é o Dia Internacional da Mulher. Juro, eu desejaria que as mulheres tivessem igualdade no jornalismo esportivo e o futebol feminino fosse um estrondo de audiência.

Nada acontece. Machismo impede.

Basta verificar as mesas redondas do período da tarde. Seleção Sportv, Fox Sports Rádio e Bate Bola da ESPN. Um clube do  Bolinha. Saudável exceção é Ana Thaís Mattos no Troca de Passes. Certamente outras teriam capacidade de exercerem funções para formarem a opinião pública.

Sofrem o que já acontece no futebol. Não há presidentas, diretoras de futebol ou um posto de comando na cadeia de decisão.

O que acontece? O futebol é a resistência dos machistas. Infelizmente. Um território em que o código masculino de assédio e violência gratuita permanece. Ser tosco, rude, grosseiro e ignorante é virtude. Nem os jogadores de futebol escapam. Vários percorreram o mundo e são sócios desta ignorância quase perpétua. Vide o modo como tratam as repórteres em entrevistas coletivas, que variam do assédio descarado a grosseria  gratuita.

Falta de verniz e de respeito a mulher é patrimônio neste mundo bizarro, que permite e autoriza inconscientemente tais atrocidades. Vou além: ai daquele homem que tiver um mínimo de lastro intelectual. Também sofre. Vide o preconceito encarado por  Juca Kfouri, José Trajano e outros que sempre quiseram ir além do futebol. Não permitem. Ou bloqueiam. Sócrates que o diga.

Agora, imagine se as mulheres tomarem o futebol como em outras áreas da vida nacional. Se elas demonstrarem que possuem mais maturidade, capacidade e inteligencia para administrar, jogar e analisar o esporte preferido do Brasileiro.

Em Campinas, temos uma única representante, Adriana Almeida. Outras estão fora do jogo como Adriana Giachini e Renata Rondini. Até quando? Pois é.

O que Tipico Homem Brasileiro vai fazer? Entrar em pânico. Ele não sabe lidar com o contraditório. E a mulher ocupar o espaço que é direito no futebol e na vida é algo que ele não suporta.

O clássico homem brasileiro é rude, grosso, ignorante, limítrofe, preconceituoso e machista. O futebol é uma extensão desta obra pessimamente acabada e sua última fortaleza. Não ataque apenas Neymar. Ele é o retrato pálido do homem brasileiro e sua visão parca de vida

Desejo que o dia 8 de março seja um marco para que as mulheres invadam o futebol de vez e tenham protagonismo. Que tenhamos outras não só destacadas para reportar mas para formar opinião; que o futebol feminino saia do gueto em que foi colocado pelo machismo reinante.

E que os clubes também sejam dirigidos por mulheres. A hora que isso acontecer, com certeza não será o futebol brasileiro e o jornalismo esportivo brasileiro que irá melhorar. O homem brasileiro também deixará a sua postura pré-histórica.

(Elias Aredes Junior)