O Guarani vive um quadro delicado na Série C. Precisa ganhar por 5 a 0 do ABC para chegar a decisão. O que explica então a fissura da diretoria e da torcida em buscar a liberação do tobogã, mesmo com capacidade reduzida por questões de segurança? Se levarmos em conta o fator pressão das arquibancadas, no fundo, no fundo, o jogo das quartas de final diante do ASA comprovou que o módulo de arquibancada seria dispensável. Com 12.713 pagantes, o Alviverde massacrou o time alagoano e comemorou o retorno a segundona. Continua o mistério: o que fascina tanto no tobogã?
A resposta é mais simples do que se imagina. Retornar com o Tobogã é um elixir para reforçar a autoestima do torcedor, um selo de que há possibilidade de retornar aos dias de glória vividos nas décadas de 1980 e 1990. Explica-se: quando venceu o Campeonato Brasileiro de 1978, o Guarani tinha um estádio aconchegante, mas sem nenhuma grandiosidade. Tanto que o público registrado na ocasião – 28.287— precisou desdobrar-se para buscar uma melhor acomodação.
O grupo político que comandava o clube na época soube entender a necessidade de preparar o futuro e com o dinheiro da venda do armador Zenon ao futebol da Arabia viabilizou a ampliação do estádio, capaz de sediar jogos de grande dimensão de modo imediato.
Faça uma viagem na história e verá o que digo. O maior público da história do futebol campineiro é da semifinal entre Guarani e Flamengo, válido pela semifinal do Brasileirão de 1982 e que contou com 52.002 torcedores. Pergunta: sem o tobogã este público seria possível? A resposta é não.
Anos depois, no dia 25 de fevereiro de 1987, sob a batuta de Gainete no banco de reservas, o Guarani perdeu o Campeonato Brasileiro referente a 1986 para o São Paulo. Empate por 3 a 3 nos 120 minutos e derrota nos pênaltis. O público? 37.370. Ou seja, sem tobogã, nada feito. Um ano e meio depois, o Guarani tinha a fissura de conquistar o Campeonato Paulista e o Brinco de Ouro foi o palco da decisão contra o Corinthians. Um público recorde de 49.727 pessoas viu o gol de Viola que desabou os sonhos. Só que as arquibancadas lotadas ficaram eternizadas na história.
É possível prever que sem o tobogã dificilmente a cidade de Campinas seria sede de um amistoso da Seleção Brasileira e com público de 51.720. Ou seja, o Tobogã abriu a porta para o Guarani e seu torcedor viver in loco jogos e eventos de porte gigantesco. Talvez este seja o motivo pelo qual até hoje a torcida não se conforma do então presidente Marcelo Mingone ter aceitado as finais do Paulistão de 2012 em dois jogos no Morumbi.
Pela cabeça do torcedor, o passado e o presente credenciavam o Brinco de Ouro, mesmo que com capacidade reduzida a alojar os 90 minutos iniciais e receber a trupe de Neymar.
Receber a notícia de uma possível e provável volta do tobogã para o torcedor é um presente do destino. É como oferecer uma nova chance para resgatar um gigantismo vivido e que parecia perdido e sem possibilidade de resgate. Aquele lance de arquibancada incrivelmente inclinado reaviva na mente de quem porta a camisa verde a esperança de comemorar o acesso a Série C não como um evento esporádico e acidental e sim a largada de um período de recuperação definitiva e posterior colocação em longo prazo do grupo de gigantes.
Que a diretoria bugrina entenda o simbolismo presente no coração de cada torcedor do Guarani, hoje focado em desfrutar de um orgulho que parecia miragem.
(análise feita por Elias Aredes Junior)
texto muito bem escrito, parabéns! Pois é isso mesmo que o tobogã representa para nós. É muito importante a volta do tobogã para toda a nação bugrina. Uma nação grande precisa de um estádio grande.
20 pessoas que mudaram de ideia mais rápido que se imagina
http://www.mestresabe.com/2016/11/20-pessoas-que-mudaram-de-ideia-mais.html