Uns devem e ainda mantém esperança; o Guarani foi destruído e procura um caminho. Como explicar?

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Fui alertado no começo da tarde para uma interessante pesquisa do jornalista Rodrigo Capelo da Revista Época a respeito da dívida dos clubes brasileiros que estão na primeira divisão. Os números são cruéis. O total devido por todos é de R$ 4,8 bilhões e o montante mais do que dobrou nos últimos cinco anos. Parece que não, mas tal relatório encaminha o carimbo da incompetência em todos os ex-presidentes que passaram pelo Guarani nos últimos 16 anos.

Pegue como exemplo um time de porte médio como o Atlético-PR, que saiu de dívida de R$ 412 milhões para R$ 417 milhões. Ou o Coritiba, que saiu de R$ 180 milhões de débito para R$ 200 milhões.

Esses números são frutos de uma gestão temerária? Não há dúvida. Inviabiliza investimentos de fôlego? Com certeza. Não há como negar uma constatação: esses clubes contraíram dividas além de sua capacidade, mas foram capazes de gerar  dividendos. O Furacão, por sua vez, foi campeão brasileiro em 2001, vice nacional em 2004 e viabilizou uma infra-estrutura e um estádio de fazer inveja a qualquer amante do futebol.

O time coxa-branca, por sua vez, chegou duas vezes a finais da Copa do Brasil em 2011 e 2012. Perdeu para Vasco e Palmeiras, mas sentiu o desejo e o sonho de triunfar. E o que é melhor: as duas equipes paranaenses, mesmo com estadias temporárias na Série B, são integrantes da divisão de elite do futebol brasileiro.

Se verificarmos a trajetória da Chapecoense é ainda mais chamativa. Emplaca a terceira temporada seguida na Série A, é o atual campeão catarinense e tem uma dívida de R$ 5 milhões. Isso mesmo: 5 milhões! Perto do montante devido pelo Atlético Mineiro, que é de R$ 553 milhões, o valor parece troco.

E o Guarani? Esqueça por um momento que dívidas trabalhistas foram quitadas. Pense que em dado momento o Guarani acumulou uma dívida que beirava os R$ 200 milhões e com um estádio sucateado, sem condições de receber grandes jogos e a exclusão dos principais centros do futebol nacional. A última participação no Campeonato Brasileiro foi em 2004. A aparição derradeira na Série B foi em 2012. Desde 2014 o Guarani não sabe o que é participar da Copa do Brasil.

Ou seja, enquanto os outros geram dividas e ficam ainda com calendário e uma projeção na mídia que lhe deem esperança de pagar, o Guarani terá que se desfazer do seu patrimônio e torcer para pegar um elevador rumo a primeira divisão paulista e nacional em 2018.

José Luís Lourencetti, Leonel Martins de Oliveira, Álvaro Negrão, Marcelo Mingone, Beto Zini, Horley Senna…Quem é o principal culpado? Pouco importa diante do sofrimento e decepção da principal vítima: o torcedor do Guarani.

(análise feita por Elias Aredes Junior)