O mundo do futebol quer salvar Gustavo Bueno da condenação pelo rebaixamento da Ponte Preta. Vai conseguir?

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Assuntos delicados não podem ser escondidos. Precisam de tratamento a luz do dia sem medo de retaliação. Na Ponte Preta não é diferente. Nos últimos dias, mesmo que sorrateiramente, um processo de salvamento do gerente de futebol, Gustavo Bueno, está sendo conduzido. Uma demonstração cabal do espírito provinciano que ainda reina em uma cidade com 1,2 milhão de habitantes.

O atual gerente de futebol avalizou a contratação de jogadores de qualidade técnica duvidosa e que foram decisivos para a queda à Série B do Brasileirão. Maranhão, Negueba, Jadson, Naldo… escolha o seu cabeça de estimação.

Gustavo Bueno não foi demitido. Sequer repreendido. Tem contrato até 2019 e não há perspectiva de mudança. Mais: com a presença de Ronaldão como diretor de futebol, certamente será retirado da linha de tiro dos críticos da imprensa e da torcida. Tal movimento não é à toa. Em conversa com um integrante da nova diretoria, este jornalista ouviu a declaração de que Bueno estava sobrecarregado no cotidiano e que, por isso, sua gestão não deu o resultado esperado.

Pergunta-se: por que o pior não aconteceu em 2016 quando ele esteve sobrecarregado? O motivo é simples: por que existia mais dinheiro à disposição e foi possível arregimentar jogadores de melhor qualidade técnica. Quando a escassez surgiu tudo foi por água baixo. Não apareceram jogadores diferentes, capazes de proporcionar retorno técnico com baixo custo. Difícil? Concordo, mas Gustavo Bueno é pago para tirar muito de pouco. Não fez nada disso no Brasileirão de 2017.

Quando Gustavo é criticado fora do ar, ex-cartolas e até profissionais de imprensa não pensam duas vezes e montam uma defesa apaixonada. Enumeram os feitos realizados por ele na contratação e na montagem das equipes em 2015 e 2016. Seus defensores esquecem dos erros com Vinícius Eutrópio e Alexandre Gallo. Só não trouxeram prejuízos maiores devido à contratação de Eduardo Baptista, que levou o time à oitava colocação.

Existe um outro motivo. E Gustavo Bueno não tem culpa nenhuma de tal fenômeno. Ou melhor, culpa zero. De certa forma, mesmo que a torcida lhe dê as costas, o Mundo do Futebol lhe dá absolvição por ser filho do maior jogador da história da Ponte Preta. É correto? Se fosse adotado com todos os profissionais eu até concordaria.

Não é o caso. Como esquecer o processo de massacre que passaram na imprensa e daqueles que militam no Mundo da Bola ex-responsáveis pelo futebol da Ponte Preta como João Costa e Ocimar Bolicenho? Se eles tivessem algum tipo de ligação com a Ponte Preta será que o massacre seria o mesmo? Não seria.

De certa forma, existe uma capitania hereditária em vigor no mundinho do futebol campineiro e que dá folga e tranquilidade para quem faz parte dela. Eduardo Baptista teve pouco mais de 26% de aproveitamento e, de certa forma, foi inocentado pelos bastidores. Felipe Moreira, antes de ser demitido no ano passado, tinha fervorosos defensores dentro da estrutura da Ponte Preta. Pergunto: é correto? Trouxe benefícios?

A dura verdade é que a atual situação não é boa para Ponte Preta e nem para Gustavo Bueno. O clube porque perde a chance de trabalhar com novas ideias e conceitos e o profissional passa por um processo de desgaste desnecessário.

A torcida da Macaca pode ter cometido avaliações injustas ao longo de sua história, mas a permanência de Gustavo Bueno é a recordação eterna de uma agremiação que teve recursos à disposição e foi incapaz de permanecer na divisão de elite.

(análise de Elias Aredes Junior)