Ponte Preta e a mística do Estádio Moisés Lucarelli

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A Ponte Preta venceu seus jogos contra São Paulo e Ferroviária no Estádio Moisés Lucarelli e passou a respirar no Campeonato Paulista. Teve desempenho sofrível, jogou aquém do esperado e precisou contar com a força das arquibancadas para conquistar os seis pontos preciosos. O cenário visto nos últimos 270 minutos no Majestoso (ainda teve a derrota para o Nhô Quim) provocou-me uma reflexão: o que será da vida da Macaca quando a Arena estiver em funcionamento? Conseguirá produzir a mesma magia?

Explica-se. Inaugurado em 1948, o estádio Moisés Lucarelli é um patrimônio do torcedor pontepretano. O seu DNA está impregnado em cada tijolo, em cada grade ou pedaço de grama. Apesar dos problemas de infra-estrutura, o pontepretano sente-se em casa.

Não é incomum verificar torcedores posicionados sempre na mesma região do estádio e determinados a presenciarem a partida com as mesmas pessoas. É um ponto de encontro, uma celebração. Uma família unida por uma camisa centenária.

Não me pergunte como, mas aquele encontro famíliar, aquela força que emana das arquibancadas transforma o estádio em local místico, capaz de fornecer poderes extraordinários a jogadores limitados. Um centroavante como Monga vira um rompedor destemido; Alexandro tira forças do além e encarna a fibra e a determinação das arquibancadas.

Cada gol marcado e anotado parece que não tem um único autor. É uma obra coletiva. Tem a participação do idoso que senta na arquibancada de cimento, da garota de camisa oficial e celular em punho ou do garoto iniciante no estádio e com desejo de ajudar, só não sabe de que forma.

Esta magia não é transferida de lugar em um passe de mágica. Dou um exemplo concreto: quem esteve na final da Copa Sul-Americana, em 2013, contra o Lanus, ficou emocionado com a festa dos quase 30 mil torcedores no Estádio do Pacaembu. No fundo, porém, sabia que no Moisés Lucarelli, a história poderia ser diferente. Naqueles 90 minutos não faltou garra e dedicação dos jogadores e entusiasmo e alegria da torcida. Parecia que faltava algo. Não precisa ser advinhão para entender: faltava mística, a magia e o clima diferenciado e único do Majestoso.

Requisitos fundamentais para momentaneamente afastar a Macaca da zona do rebaixamento, apesar do time imperfeito. Um dia isto será passado. A Arena será realidade. Será bela, luxuosa, moderna e única. Terá a magia do patrimônio construído pelas mãos do pontepretano? Conseguirá transmitir o sentimento de posse, presente no Majestoso? Tenho dúvidas.

Qualquer pontepretano sensato deveria pensar em tal tema. E a diretoria? Ponderar as consequências de uma medida que, no fundo, vai tirar um pedaço da alma pontepretana. Tomara que a Arena tenha capacidade de transmitir um novo sentimento e dias melhores ao torcedores pontepretanos.

(análise feita por Elias Aredes Junior)