Análise: início de 2018 destrói teorias de Vanderlei Pereira. Ex-presidente ainda deve explicações aos torcedores da Ponte

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O ex-presidente Vanderlei Pereira era crítico do trabalho da imprensa e era acompanhado por muitos componentes da diretoria. Este portal entrava no bolo.

Agora, uma enxurrada de ações trabalhistas desabaram no Estádio Moisés Lucarelli. Só com os processos impetrados por Naldo, Jean Patrick, Fábio Ferreira, João Lucas e Fernandinho, a conta poderá chegar a R$ 2,9 milhões.

Interessante observar que o ex-dirigente falava aos quatro ventos de que sua administração era impecável e exemplar. Em todos os sentidos. E que algum tipo de sacrifício era necessário para que o torcedor pontepretano não passasse vergonha na cidade por ser adepto de um time que não cumpre seus compromissos.

A prova desse pacto? A entrevista coletiva realizada no dia 19 de maio na sala de imprensa do Moisés Lucarelli. Duas falas do então presidente são fundamentais para entender os motivos que levaram o torcedor a viver este instante de desencano.

Na primeira resposta, o dirigente justifica o motivo de negar-se a contratar jogadores caros e renomados. Em resumo: as obrigações com o Fisco impediam qualquer ousadia. Confira:

“Para vocês terem uma ideia de coisa pé no chão e que agora quem não fizer vai estar realmente em maus lençóis, eu estou pagando 450 mil reais de imposto de renda e INSS. No último dia 7 foram 120 mil reais de fundo de garantia, dá 570 mil. Paguei mais 30 de PIS, são 600 mil. E vou pagar no final do mês o Profut, mais 70, portanto são 670 mil reais só de imposto. Agora, quem não pagar o imposto, existe o tal do licenciamento e a CBF está fazendo um trabalho paralelo para angariar as mesmas informações que a ABFUT. Quem não pagar salário, não pagar imposto, não sei se já para 2018 ou  2019, não vai disputar mais os campeonatos. Já era par ter acontecido, mas deram uma colher de chá. Sabe o que é pagar quase 700 mil de imposto por mês? E se falar quase 700 mil de imposto vezes 13, por causa de décimo terceiro, dá nove milhões e cem, quase dez milhões por anol? Tira aqui dos 39 milhões que temos de receita e sobra 29. E daí? Onde você vai buscar o que precisa? Esse é o nosso trabalho”.

A cartilha da austeridade continuava na mesma entrevista. Ao descrever as receitas pontepretanas em 2017, Vanderlei Pereira enfatizou que o montante arrecadado não permitia grandes sonhos:

“Peço que ouçam bem o que vou dizer no tocante a receitas, porque há um equívoco muito grande na mídia de forma geral e o torcedor acaba comprando o que a mídia divulga, e às vezes tem gente que até inventa da cabeça deles. E aí os caras ficam sonhando com coisas que não existem. Nós vamos falar aqui de cotas da Rede Globo. O pessoal fala em torno de 40, 50 milhões. Na realidade são R$ 32 milhões menos 10% de impostos, de direitos de arena e INSS. Isso cai para 28.8 milhões. Federação Paulista, fala-se de 10 a 12 milhões, na verdade são 5,8 milhões menos -10%. Pilot. Fala-se de dois a três milhões e é um milhão menos os impostos, dá 900 mil reais. Schinchariol, fala-se em quatro milhões e também é um milhão, menos 10% de imposto, 900 mil reais. Adidas, fala-se em 30 milhões, pasmem! E é só material. Nós só recebemos material da Adidas. Caixa Econômica Federal, fala-se de nove a 15 milhões, são quatro milhões, menos os impostos, três milhões e 600 mil. Totalizando, pessoal, são 39 milhões, quatrocentos e sessenta e cinco mil: essas são as receitas da Ponte Preta. Eu gostaria  que a partir de hoje isso fosse divulgado, principalmente para o torcedor que acha que a Ponte recebe 70 milhões, 80 milhões, quando na realidade é 39 e destes praticamente dez milhões são pra pagar impostos.”

O torcedor desconfiava da capacidade de Vanderlei Pereira em montar times competitivos ou de sentir o timing para se justificar junto a torcida. O sentimento foi confirmado com o rebaixamento á Série B do Brasileirão.

Agora, mesmo nas piores turbulências, até os opositores mais radicais acreditavam de que a sua presença no gabinete principal do clube era garantia de que as contas estavam em ordem e a austeridade prevaleceria no dia a dia. Um integrante da diretoria de futebol chegou a me dizer: “O Vanderlei é vital para a Ponte Preta. As pessoas vão sentir saudade dele um dia porque ele deixa tudo em ordem”.

Os primeiros dias de 2018 destruíram por completo a teoria. Vive-se um clima de terror e de tensão. O torcedor, no fundo, não sabe mais em quem acreditar. E Vanderlei Pereira, infelizmente, tem boa parte de culpa. Que ele apareça, dê explicações e mostre a luz no fim do túnel. Urgente.

(análise feita por Elias Aredes Junior)