10 razões que dificultam a vida da Ponte Preta em 2018

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José Armando Abdalla Júnior foi eleito para comandar a presidência da Ponte Preta na primeira quinzena de dezembro, mas assumiu oficialmente apenas em 1º de janeiro. Passado um mês, o mandatário tem encontrado dificuldades para construir uma equipe competitiva e com caixa estável. O Só Dérbi traz 10 razões que dificultam a vida da Alvinegra em 2018.

1. Redução nas cotas televisivas: trata-se do problema mais grave. Isso porque as consequências desse fato empobrecem consideravelmente os cofres e diminui o poder de compra da Macaca na janela de transferência. Com o rebaixamento à Série B, o time de Campinas vai receber apenas R$ 9 milhões pelos direitos de transmissão – na temporada anterior, embolsou R$ 30 milhões. Ou seja, mais do que o triplo.

2. Dívidas trabalhistas: além da queda nas arrecadações, a Ponte Preta foi, somente em janeiro, acionada na Justiça por cinco atletas que estiveram no elenco de 2017: Fábio Ferreira, João Lucas, Fernandinho, Naldo e Jean Patrick. Os jogadores alegam falta de pagamento dos salários, férias, direitos de imagem e recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Ao todo, o rombo pode ser de até R$ 2,9 milhões.

3. Às moscas: o torcedor pontepreano comparece em baixo número às partidas no Moisés Lucarelli – e não é de hoje. No ano anterior, em 32 jogos, a média foi de 6.299 pagantes. O clube teve a 27ª média de público do Brasil e a segunda pior do último Campeonato Brasileiro – superou apenas o Atlético/GO, também rebaixado. O maior público foi diante do Corinthians, na final do Campeonato Paulista (16.048), enquanto o pior aconteceu na eliminação para o Cuiabá, na Copa do Brasil (2.123). O ticket médio foi de R$ 20.

4. As contas: Antes, as finanças em dia eram motivo de orgulho. O ex-presidente Vanderlei Pereira, por exemplo, se orgulhava de ter o controle dos cofres alvinegros. Hoje, sob nova gestão, honrar os compromissos é uma tarefa árdua. Recentemente, os campineiros tiveram atrasos salariais e foram cobrados na Justiça por cinco jogadores.

5. O elenco: jovem e promissor, mas extremamente limitado. Para 2018, a atual diretoria resolveu apostar na base, não por opção, mas por necessidade. Com Ivan, Emerson, Reinaldo, Jeferson, Marquinhos, Felipe Saraiva, Felippe Cardoso e Yuri, fica difícil confiar. São garotos com futuro, mas é impossível depositar tanta responsabilidade no presente. Entre os experientes, não há nenhum em que o torcedor possa acreditar totalmente.

6. Sem grana: com os cofres vazios, fica mais difícil oferecer nomes qualificados a Eduardo Baptista – por isso, os reforços vieram por empréstimo. Com a concorrência do mercado, é impossível competir com os concorrentes. As vantagens oferecidas pela diretoria pontepretana são mínimas, sem poder adquirir o atleta em definitivo.

7. Falta de agilidade: a lentidão para definir os contratos de Aranha e Rodrigo, cujos salários são altos, é um grande impasse na gestão de José Armando Abdalla. Enquanto o goleiro foi escanteado por Eduardo Baptista, embora tenha vínculo até 2020, o zagueiro foi o pivô pela expulsão infantil que culminou no rebaixamento na partida contra o Vitória. O ex-capitão, mesmo com vínculo até dezembro, segue com situação indefinida – é certo, porém, que não joga mais pela Macaca.

8. As dores de cabeça na Série B: fazer parte do segundo pelotão do futebol nacional nunca é bom. Para a Ponte Preta, recém-rebaixada, é ainda pior. Por conta da invasão generalizada em novembro, a Macaca ganhou seis jogos com portões fechados no Moisés Lucarelli, multa de R$ 20 mil e o veto do torcedor comparecer às partidas longe de Campinas durante toda a temporada, em todas as categorias. Ou seja, para retornar à elite será preciso abraçar a superação, sem o apoio das arquibancadas.

9. Gustavo Bueno: a impaciência do torcedor perante o gerente de futebol da Alvingra é evidente – ele foi eleito um dos principais responsáveis pela péssima campanha no Brasileiro, ao lado de Vanderlei Pereira e Eduardo Baptista. Embora tenha acertado em algumas contratações, Gustavo Bueno foi criticado por repatriar Rodrigo, Fernando Bob e Renato Cajá, além de ter apostado em Emerson Sheik, cujo custo-benefício foi desfavorável.

10. O cansaço: a nação pontepretano cansou-se do mesmo discurso. Ou melhor, está farta da falta de explicações vindas da diretoria. Até dezembro, por exemplo, o Departamento de Futebol pecou pela omissão em situações primordiais. O torcedor está esgotado por conta das mesmas mazelas que atingem o Majestoso há anos. Ele quer resultados em campo. Para um bom entendedor, quer títulos.

(texto e reportagem: Lucas Rossafa)