Leandro Zago explica saída da Ponte, fala sobre geração 2000 e compara estrutura do futebol campineiro

4
2.226 views

Leandro Zago, ex-treinador do Sub-20 da Ponte Preta, concedeu entrevista exclusiva ao Só Dérbi. O profissional de 36 anos, visto como uma aposta para o futuro do clube, foi demitido na última sexta-feira pelo fato de a Macaca, em situação financeira delicada, fazer corte no quadro de funcionários.

Zago iniciou a carreira nas escolinhas da Alvinegra no começo dos anos 2000. Depois de um período dedicado aos estudos, trabalhou no Desportivo Brasil, Audax, Corinthians – onde atuou com Tite -, Guarani e voltou à Alvinegra.

Você esteve por um período no Corinthians, mas também trabalhou nos dois clubes de Campinas. Qual avaliação pode ser feita das estruturas encontradas aqui em comparação com outros centros?

“Há uma diferença muito grande em investimento nas três equipes. As realidades são diferentes. A comparação tem que partir deste princípio. O Corinthians faz um dos maiores investimentos do Brasil. A Ponte Preta, estando na Série A, faz um investimento médio. Na época em que estive no Guarani, o clube passava por uma situação financeira muito complicada. Fica difícil comparar as três estruturas”.

Que aprendizado você tira dos anos de Ponte Preta?

“A minha preocupação é estar em evolução permanente – tanto pessoal como profissionalmente. Ter passado dois anos na Ponte Preta foi enriquecedor. Pude evoluir na questão de liderança, de lidar com atletas prestes a serem promovidos ao profissional. É um tipo de gestão que mexe com a ambição das pessoas e com o gerenciamento de frustrações daqueles jogadores que voltaram à base. O Sub-20 é muito rico, porque você pode gerir perspectivas individuais em torno de um objetivo comum. Saio um treinador melhor do que cheguei”.

Quais nomes da base da Ponte Preta podem ter sucesso em breve no profissional?

“Os jogadores dependem de várias circunstâncias para chegarem no profissional. O Sub 17 produziu uma geração boa de atletas nascidos em 2000. Eles têm potencial, isso é importante. O bom de um grande trabalho é que ele deixe legado. Ele não pode acabar quando o comando troca. Foi deixada uma equipe muito competitiva para 2018 em todos os níveis. Isso deve gerar muitos recursos à Ponte Preta nos próximos anos”.

Antigamente, os técnicos veteranos eram mais presentes nas categorias de base. Agora, o espaço está tomado por jovens, como no seu caso. É possível conciliar os dois perfis?

“A gente não deve dividir os treinadores. A divisão deve ser feita entre os bons e os ruins, independente da idade. É preciso saber a melhor forma de treinar uma equipe, transmitir a maior quantidade de informações, ter qualidade nos treinos – pautar em conhecimento e não somente em opinião pessoal. O principal é ter paixão pelo que se faz. Discutir as novas tendências, o que acontece de novo, mas não com o intuito de copiar, mas sim para compreender o que é feito, adequando às necessidades”.

Quais os seus planos para o futuro?

“Quero continuar em evolução. Gosto de aprender coisas novas. Aproveitei o mês de férias, após a Copa SP, para ler e assistir a alguns jogos europeus. Assim, é possível desenhar novas ideias de trabalho. Para alcançar os objetivos traçados na minha carreira, preciso continuar progredindo”.

Após a saída da Ponte Preta, já recebeu alguma proposta?

“Sim, recebi de times da Série A do Campeonato Brasileiro, ainda para a categoria de base. Nesta semana, devo fechar a minha inscrição para iniciar a Licença A na CBF. Assim, estarei habilitado para trabalhar com futebol profissional a partir de 2019. Isso vai melhor a qualidade do nosso jogo. Espero iniciar um projeto que passe pelas ideias que eu acredito sobre a base: formação e resultado”.

(texto e reportagem: Lucas Rossafa e Júlio Nascimento/foto: Arquivo Pessoal)