João Carlos, Fábio Ferreira, Ponte Preta e o foco aparente em apenas 16 jogos do Brasileirão

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A Ponte Preta tomou 28 gols em 16 jogos do Campeonato Brasileiro. Desse total, 21 foram contra sete adversários: Corinthians, Flamengo, Grêmio, Atlético Mineiro, Cruzeiro, Santos e Fluminense. Ou seja, um percentual de 75%. Impossível esconder a procura de atletas que estejam fora do padrão desejado. Dois personagens ganham relevância, o goleiro João Carlos e o zagueiro Fábio Ferreira. Eles atuam em posições que em anos anteriores a reposição seria produzida pelas categorias de base do clube. Se eles não trazem satisfação, os condutores da base deveriam se sentir incomodados com o quadro por não conseguirem encaixar jogadores jovens de melhor qualidade nas duas funções. Nas décadas de 1970, 1980 e 1990, a dupla nunca atuaria no Majestoso. A solução estaria em casa. Hoje, João Carlos e Fábio Ferreira é uma solução que está no caminho de transformar-se em pesadelo. Dentro do gramado, ressalte-se. No ambiente interno, são queridos pelos jogadores.

O detalhe é que nosso foco é no gramado e na derrota para o tricolor carioca, a reclamação de torcedores pontepretanos e de componentes da imprensa em geral é de que o beque lançou-se ao ataque de modo infinito e inconsequente e o arqueiro vacilou no terceiro gol anotado por Wellington. A pergunta que fica é a seguinte: se eles são tão limitados porque ainda são escalados por Eduardo Baptista? Uma boa parte da explicação tem relação com a própria dinâmica do Campeonato.

Das sete vitórias da Macaca no Campeonato, apenas duas foram diante de gigantes do futebol brasileiro: São Paulo e Palmeiras. Todas as outras aconteceram com oponentes que tem um patamar financeiro muito próximo ao da Macaca, ou seja, Chapecoense, Atlético Paranaense, Santa Cruz, Sport e América Mineiro. São equipes com bons jogadores, mas que não possuem o nível técnico de gigantes como Grêmio, São Paulo, Flamengo, Corinthians entre outros. Contra estes adversários de porte médio, mesmo quando falham tanto Fábio Ferreira como o goleiro João Carlos não comprometem porque a Macaca tem condições de recuperar o terreno perdido. O adversário oferece tal condição.

O quadro muda de figura contra um gigante. O índice de acerto precisa ser gigantesco. Por que? Simples: o gigante aproveita-se da menor condição técnica do oponente e crava. Veja o confronto em Mesquita (RJ). A Alvinegra campineira deu 17 chutes ao gol. O Fluminense cinco arremates. E marcou três gols. Motivo: por questões financeiras a Ponte Preta hoje não teria condições de pagar o salário recebido por um jogador do padrão de Gustavo Scarpa ou do volante Cícero, capazes de aproveitar-se de falhas, mesmo que sejam pequenas, do goleiro João Carlos e do zagueiro Fábio Ferreira para construírem a vitória.

Qual seria a solução? Contar com jogadores capazes de incomodar e desequilibrar contra os gigantes. O Sport conta com Diego Souza. O Atlético-PR tem Walter. No Vitória (BA), é difícil segurar a velocidade de Marinho. Mesmo o Santa Cruz pode contar com Grafite para balançar as redes em jogos de grande porte. O conceito vale também para o sistema defensivo. Aliás, se Weverton, goleiro do Furação paranaense, fosse limitado, não seria convocado para a Seleção Olímpica, não é verdade!? O que dizer então de Durval e Matheus Ferraz, zagueiros integrados ao elenco do Sport? Pois é. 

E a Ponte Preta? Não, o time da Ponte Preta não é ruim. Tem jogadores de bom quilate técnico. Está no padrão técnico médio dos times de sua faixa etária financeira. Só que não tem o atleta excepcional, capaz de ganhar o confronto em um único lance e surpreender o favorito até em seus domínios. Ou não conta com o zagueiro eficiente ou o goleiro acima da média. No ano passado, o goleiro Marcelo Lomba e os zagueiros Renato Chaves e Pablo cumpriram tal papel com louvor.

Em 2016, justifica-se o furor da diretoria pontepretana em buscar Renato Cajá antes da bola rolar. Seus erros e equívocos não apagam seu talento único. Contra qualquer equipe, independente de camisa. Pelo menos com a camisa da Ponte Preta.

As atuações de Fábio Ferreira e João Carlos demonstram um quadro que poucos querem admitir: alguns atletas do atual elenco são  essenciais para 16 jogos do Brasileirão, ou seja contra oito adversários de padrão técnico médio. Só que são insuficientes nos 22 jogos restantes e que englobam os gigantes do futebol nacional. Sim, já abordamos que as partidas contra os oito oponentes fora dos gigantes é prioritário. Mas isso não quer dizer que devemos jogar a ambição na lata do lixo. O fato é que Fábio Ferreira e João Carlos parecem que não contemplam as necessidades para toda a competição. Infelizmente.

(análise feita por Elias Aredes Junior)