João Carlos: dois pênaltis defendidos não podem valer mais do que um Brasileirão

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Não existe nada mais difícil do que realizar um processo de mea-culpa. Admitir que ocorreu uma avaliação equivocada e que trouxe consequências. Parte da torcida da Ponte Preta e da imprensa tem que reconhecer: erramos na avaliação do potencial do goleiro João Carlos. Aqueles que estavam na trincheira contra o contratação de um novo goleiro apostavam no crescimento técnico do goleiro. Afinal, se ele estava dentro do elenco é porque tinha potencial para segurar a titularidade. Muitos pensaram nesta linha de conduta. Inclusive este jornalista, que não foi contrário a ambição de trazer Felipe, hoje no Bragantino ou dar uma nova chance ao goleiro Aranha, agora no Joinville.

E um jogo foi preponderante para a formação da opinião coletiva: a derrota por 2 a 1 para o Corinthians no dia 31 de março, em confronto válido pelo Campeonato Paulista. Naquela ocasião, João Carlos já era contestado e muitos não entendiam porque Matheus foi retirado do gol após algumas falhas nas rodadas iniciais.

Ao pegar as cobranças de Luciano e Romero e já ter contabilizado uma defesa de penalidade no triunfo sobre o Red Bull, o goleiro ganhou força e credibilidade para continuar. No desejo de procurar vilões, uma parte da torcida pontepretana acusava a imprensa local de não incentivar o goleiro e tumultuar o ambiente. No final, todos nós erramos: torcida, dirigentes e cronistas esportivos. Fica a pergunta: Por que?

Enumero dois motivos. O primeiro tem relação com uma palavra formação. Eu, você, os dirigentes e até os jogadores somos contaminados com a passionalidade em nossas avaliações.Não conseguimos vislumbrar que futebol é uma competição de alto rendimento e as apresentações precisam ser analisadas dentro do devido contexto.

Pegar dois pênaltis contra o Corinthians é algo importante, mas dentro da fase inicial do Campeonato Paulista tem um peso menor do que se fosse em um torneio nacional. Motivo: os jogadores corinthianos e de qualquer time grande não estão focados com a energia que colocam diante de jogos de Copa Libertadores, Campeonato Brasileiro ou da Copa do Brasil. O “timing” é diferente. Em todos os sentidos. A exigência é menor.

Não podemos esquecer de outro ponto: a importância que damos a penalidade máxima. Um autêntico paredão, pois o goleirão está diante do batedor e não tem para onde correr. Se conseguir defender exibe atributos que fazem um grande goleiro, como elasticidade, posicionamento, frieza e estado de espirito. Talvez Dida retrate este cenário como poucos.

Só que uma armadilha é colocada, a impressão de que os outros requisitos não necessários. E são. Ou transmitir segurança ao zagueiro não deve entrar na conta? E uma boa saída de gol nas bolas paradas? Verdade nua e crua: os pênaltis defendidos por João Carlos serviram como cortina de fumaça. Que agora começa a se dissipar e abrir o horizonte. E exibe a necessidade de tomada de providências. Antes que seja tarde.

(análise feita por Elias Aredes Junior)