Qual será o lugar de Sérgio Carnielli na história da Ponte Preta?

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O exercício do poder é cruel. Cria mitos e vilôes em um piscar de olhos. A Ponte Preta não é diferente. No dia de comemoração dos seus 116 anos nesta quinta-feira (11) uma pergunta paira no ar: qual será o lugar reservado na história para o presidente de honra Sérgio Carnielli? Será considerado um herói ou vilão? Redentor ou carrasco?

O questionamento demorará um certo tempo para maturar a resposta. A análise histórica precisa de equidistância, imparcialidade e frieza. Sérgio Carnielli, comandante do atual grupo politico responsável pela administração da Macaca, dá motivos de sobra para que história penda para um lado ou outro.

Carnielli foi o responsável por retirar um clube da falência e e que parecia condenado a atuar em divisões intermediárias no final da década de 1990. Sem alarde e de maneira paulatina, obteve acessos para deixar a Macaca na divisão de elite do Brasileirão e do Paulista.

Não mediu esforços e também até uma dose de ousadia para disputar a semifinal do Paulista de 2001, da Copa do Brasil do mesmo ano e abrir espaço para revelação e projeção de atletas como Fábio Luciano, Luis Fabiano, Adrianinho e o aparecimento de outros como o atacante Washington, que chegou á Seleção Brasileira graças a camisa da Macaca.

Carnielli exibiu desprendimento ao conceder autonomia para novas personalidades capazes de, cada um a seu tempo, servir a Ponte Preta com talento e entrega. Ou você consegue dissociar as campanhas de 1997 a 2006 de Marco Antônio Eberlim? E a ousadia demonstrada por Márcio Della Volpe no período de 2010 a 2014, primeiro como gestor de futebol e depois como presidente interino? Nada disso aconteceria sem a interferência e o respaldo de Carnielli.

Duro é constatar a complexidade do ser humano. Contraditório, cheio de desencontros e pela ausência de autocritica não detecta a chegada dos novos tempos, do período para viabilizar a implantação de novos métodos, sonhos e ambições.

Talvez este seja o problema de Carnielli. Na ânsia de preservar o que construiu, mete o pé pelas mãos e começa a dar declarações que se constituem uma ducha de água fria no torcedor. Sentimento impregnado após ele admitir em entrevista a Rádio Bandeirantes que pediu para Márcio Della Volpe que deixasse o sonho do título da Sul-Americana de lado em 2013. Ou quando não cobra para se fazer mais com menos no Majestoso.

Ou seja, continuar a sonhar, apesar da disparidade na distribuição de cotas. O Brasileirão é impossível? Lute por um elenco amplo e competitivo para administrar o Brasileirão e a Copa do Brasil.Não é possível adquirir medalhões? Exija melhoria nas categorias de base e garimpe revelações nos outros campeonatos regionais.

Não se verifica nada disso. O diagnóstico é de um presidente apaixonado por um clube, mas que considera inadequado dar um passo a frente. Medo de perder o que já conquistou. Enquanto isso, a torcida mostra-se ressentida, magoada. Não porque não há disputa de título e sim porque ficou estabelecido que é proibido sonhar. E sem sonho, a alma morre e o corpo padece. Tomara que Sérgio Carnielli tenha a percepção de um conceito tão simples. Antes do tribunal da história julgar e determinar a moldura da sua passagem pela Ponte Preta.

(análise feita por Elias Aredes Junior)