Especial: o título do Atlhetico Paranaense na Sul-Americana e a comprovação do atraso do futebol campineiro

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O Atlético Paranaense é o novo campeão da Copa Sul-Americana. Classificado para a Copa Libertadores de 2019 e seguro sobre o potencial da Arena da Baixada e do Centro de Treinamento do Caju, o time paranaense agora almeja entrar na galeria dos gigantes do futebol brasileiro. Sua ascensão comprova a letargia de Guarani e Ponte Preta. Umma pesquisa pormenorizada comprova de que o futebol campineiro estava a frente do estado do Paraná nas décadas de 1970, 1980 e 1990 e precisará de muita criatividade, dinheiro e competência para ficar em idêntico patamar.

Ao fazer a análise dos ranking dos Brasileirões desde 1971 e publicado pela revista Placar verifica-se que a distância da dupla campineira Ao furacão foi bem menor. De 1971 até 2002, o Atlético Paranaense tinha 566 pontos acumulados enquanto que o Guarani ostentava 742 pontos e a Macaca 418 pontos. Até 2002, o Guarani era o único com três participações em Copa Libertadores, nos anos de 1979, 1987 e 1988. Hoje, tudo mudou. Ao somar todos os pontos obtidos na divisão de elite desde 1971, o Atlético Paranaense tem 1404, o Guarani 889 e a Ponte Preta tem 850 pontos.

Na comparação quando as três equipes participaram da Taça de Ouro simultaneamente ou do Campeonato Brasileiro antes dos pontos corridos em apenas três oportunidades, o Furacão ficou a frente dos rivais campineiros: em 1983, quando terminou na quarta posição; em 1998, quando terminou em 16º, a Ponte Preta em 17º e o Guarani em 19º e em 2001 quando foi campeão.

Entretanto, apenas em 1999 os três conseguiram terminar entre os 10 primeiros, pois a Alvinegra foi a quarta colocada, o Guarani o oitavo e o time paranaense o nono. De 1971 a 2002, com os três na divisão de elite, o Guarani chegou a frente em três edições (1976,1978, 1986) e a Ponte Preta em outras quatro (1977, 1999,2000 e 2002).

O título conquistado pelo Atlético Paranaense foi consequência de uma mudança de parâmetro ocorrida em junho de 1999, quando foi inaugurada a Arena da Baixada e o Centro de Treinamento do Caju, um dos mais modernos do Brasil.

Após a melhoria de estrutura, a conquista do caneco e a implantação dos pontos corridos, a diferença aumentou. números. Em 2019 será a sexta participação do rubro negro na Libertadores desde 2002  e outras 8 participações na Copa Sul-Americana. O Guarani, por sua vez, nunca mais apareceu em competições internacionais e a Ponte Preta contabiliza aparições nas edições de 2013, 2015 e 2017 da Copa Sul-Americana.

Mais: em 16 edições por pontos corridos, o Atlético tem oito classificações em no mínimo décimo lugar, sendo que os melhores desempenhos foram em 2013, quando ficou na terceira posição, em 2004 com o segundo lugar  e em 2016 quando ficou em sexto lugar. Como nota destoante, apenas o rebaixamento no Brasileirão de 2011 e a 17ª colocação.

A Ponte Preta, por sua vez, disputou nove edições e sua melhor posição foi um oitavo lugar em 2016. Entretanto, tem contabilizado os rebaixamentos em 2006, 2013 e 2017. O Guarani tem um desempenho pior: jogou três edições, sendo que em 2003 ficou em 13º, em 2004 em 22º e em 2010 quando ficou em 18º lugar.

O investimento feito no final da década de 1990 refletiu-se na arrecadação, pois hoje o Atlético-PR tem um orçamento que beira os R$ 120 milhões enquanto que o Guarani dificilmente chegará a 2019 com R$ 20 milhões e a Ponte Preta com um valor um pouco acima.

Todos os dados apresentados demonstram por A mais B que, apesar de suas opiniões controversas e erros, Mário Celso Petraglia e seu grupo político prepararam o Atlético-PR para viver uma nova época, em que a ambição e a sede de crescimento não é uma escolha e sim uma imposição.

Enquanto isso, convivemos no estádio Moisés Lucarelli e no Brinco de Ouro com guerras políticas, estagnação na melhoria de estrutura e times medianos focados apenas em manutenção e sem ambição. E falo de duas equipes sediadas em uma cidade com R$ 1,2 milhão e que em 1980 tinha 664.559 habitantes, de acordo com o IBGE. Ou seja, a cidade cresceu. A mentalidade esportiva recuou. Um dia muda.

(texto, reportagem e análise de Elias Aredes Junior. Foto: Miguel Locatelli)