Estatuto rasgado, benesses e camaradagem: o Guarani é a cara (feia!) do Brasil

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Horley Senna virou conselheiro vitalício do Guarani. Nenê Zini está mantido nos quadros de associados do clube. Á primeira vista, parece uma decisão normal e corriqueira, especialmente os dois personagens tiveram amplo direito de defesa na reunião do Conselho Deliberativo e na votação a vitória foi por boa margem. Tudo certo? Não, não está.

O Estatuto Social do Guarani, a sua constituição, foi rasgado sem dó nem piedade. No caso do empresário Nenê Zini, o risco de sua exclusão era claro e cristalino se levarmos em conta o artigo 134 do documento: Artigo 134 – Os membros dos Conselhos, integrantes de órgão criado por este Estatuto, bem assim os Administradores, nomeados ou contratados, devem servir com lealdade, probidade e transparência ao clube, empregando, no exercício de suas funções, cuidado e diligência, sendo-lhes vedado:

V – ser detentor de direitos financeiros ou econômicos sobre atletas ou atuar como agente de jogadores.

Do mesmo jeito que Zini exibiu argumentos para sua manutenção, é impossível tirar a razão de quem lê a letra fria da lei.

No caso de Horley Senna, nova controvérsia. O artigo 52, no parágrafo primeiro, é claro: “São aptos a assumir como Conselheiros Vitalícios todos os ex-presidentes do Conselho Deliberativo e do Conselho de Administração eleitos a partir de 2014, desde que eleitos para mandatos completos e os cumpram integralmente permanecendo como associados do Clube , em dia com as responsabilidades sociais e sem punições judiciais ou administrativas por falta grave ou gravíssima pela Comissão de Ética e Disciplina”.

Horley argumentou que como ficou até setembro como detentor do cargo de certa forma reuniu condições para pleitear o cargo. Mesmo que tenha sido um complemento do mandato de Álvaro Negrão.

Dois pontos ficam evidentes nestas decisões. A essencial é que o mundo político do Guarani é um retrato da cara (feia) do Brasil.

Um lugar para acordos, em que o relacionamento fica acima da lei e em que muitas vezes as regras devem ser seguidas desde que não prejudique a pessoa que deseja tirar vantagem. O Guarani atual abraça a tática do remendo, do jeitinho, de acomodação de interesses.

Pior: a individualismo fica acima do coletivo e a guerra política ganha ares de inconsequência. Destruiu o estatuto? O clube está detonado? Pouco importa. Sobreviver é o que importa.

(análise feita por Elias Aredes Junior)