A confusão entre torcedores de Ponte Preta e Paraná foi para a sumula do jogo. Novamente o departamento jurídico terá que entrar em campo para evitar uma punição. Tradução: perda de mando de jogo. O que seria trágico para quem deseja buscar o acesso. Ninguém precisa me dizer que os envolvidos na briga generalizada tomaram uma atitude deplorável. Deveriam ser identificados e punidos. Mas a Polícia Militar pecou não só no seu serviço de prevenção como de inteligência.
Por um motivo: todos sabem que torcidas organizadas nutrem aliadas com torcidas de outras equipes. Quando estas aparecem na cidade recebem todo o suporte para ir ao campo do rival local. O Paraná também tem sua Fúria Independente e esta foi recepcionada pela homônima bugrina. Tem até posts no Facebook de torcedores bugrinos com saudações. Alguém acha que os torcedores bugrinos deixaram de ir ao Majestoso para torcer pelo Paraná?
Uma atitude que ganhou ainda mais combustível após a instalação de torcida única nos derbis. Ou seja, o torcedor bugrino não vai no Majestoso no clássico local, mas aparece nos jogos contra o Paraná. E assim será no segundo turno quando a Ponte Preta receber o Vila Nova, pois a torcida Esquadrão também é aliada de torcidas do Guarani.
A Polícia também deveria saber que na estreia da Série B, contra o Figueirense, os Gaviões Alvinegros de Santa Catarina receberam todo o apoio dos torcedores pontepretanos. E assim será quando o Guarani receber o Sport, pois a Gang da Ilha tem bom relacionamento com torcidas pontepretanas e com o Comando Alvirubro do CRB.
Entenderam como a questão das torcidas organizadas é algo complexo e intrincado? Que a estratégia da repressão pura e simples é um equivoco do tamanho da cidade de Campinas? Sem entender e compreender a sua dinâmica, funcionamento, apuração de bons e maus elementos, fatos como os que ocorreram no Majestoso serão corriqueiros.
Não custa relembrar: de cada 100 torcedores filiados a torcidas organizadas no Brasil, apenas seis são envolvidos em atos de violência, de acordo com o sociólogo e estudioso do assunto Mauricio Murad. Os dados provam: é algo que pode ser combatido, administrado e com punição rigorosa aos que transgridem a lei. Se isso não acontece é porque as forças públicas falham. Clamorosamente.
(Elias Aredes Junior)