Confesso que a cada vez que leio comentários de torcedores bugrinos no Só Dérbi sobre reclamações a respeito das postagens eu fico decepcionado. Especialmente por não entenderem a verdadeira função do jornalismo, que é a de fiscalizar o poder e ser vigilante quanto a falhas e desmandos. Não é nossa função babar ovo. De quem quer que seja. A missão é instigar a reflexão e provocar um cenário que faça com que aquilo que está ruim hoje fique melhor amanhã. Ou aquilo que está bom vire algo melhor. Séquito de puxa sacos não resolve nada. Nem aqui e nem lá na China.
E de vez em quando é preciso mandar a letra real. Sem ficar em cima do muro. Uma parte (uma parte!) da torcida bugrina se contenta com pouco. Infelizmente, esses torcedores entraram no papo dos dirigentes. Ou seja, o lema é do “isso aí”. O Guarani não pode e nem vai evoluir. Diante disso, é ficar satisfeito com uma pequena porção de felicidade.
A campanha no Paulistão é boa? Claro que é. Ótima. Acima das expectativas. Essa é a análise de quem vislumbra o curtíssimo prazo. Mas o que é o Paulistão na atualidade perto da importância e do protagonismo na Série B? Ou da presença na Série A ou na Copa do Brasil, algo que o Guarani não sente desde 2010? E o que dizer de uma equipe do interior que tem diversas participações em Libertadores e teve seu estádio como palco de Seleção Brasileira?
Dos jogadores nem preciso falar. Julio César, Neto, Luizão, Djalminha, Amoroso, Edu Lima, Jorge Mendonça, Careca, Renato, Zenon…Um desfile de craques e ídolos. Ao invés de exigir da diretoria a instalação de um padrão de qualidade, qual a atitude da torcida? Perseguir e xingar cronistas e jornalistas (sim, no plural) que desejam a instalação do padrão de excelência. Ou que pelo menos fique próximo daquilo que já foi um dia o Guarani.
É sério que devo elogiar a infraestrutura parca do clube? E a fúria de dirigentes em perseguir jornalistas (sim, de novo no plural)? Devo aplaudir presidentes que nos últimos anos tentaram vender “coxão duro como se fosse picanha?” Isso tem nome: manipulação. Uma estratégia que faz esconder o principal: o Guarani é um clube vital na geografia do futebol brasileiro e sua torcida deveria considerar inaceitável verificar que nesta década não disputou um ano sequer a divisão principal do nacional.
Pior: ficou na terceira divisão por quatro temporadas seguidas.
Elevar o nome do Guarani por causa de uma boa campanha em âmbito regional ou pelo pioneirismo de uma transmissão pela internet é querer exigir que as pessoas se contentem com prato rasos com pouca comida quando elas já tiveram um banquete à disposição. Não contem com esta página para essa estratégia.
(Elias Aredes Junior)