O torcedor pontepretano encontra-se aliviado e preocupado neste feriado. Leve e solto pelo time ter vencido o Botafogo de Ribeirão Preto e terminar a rodada no grupo de classificação da Série B do Brasileirão.
Tenso pelo fato de que o time ainda não engrenou na Série B e não teve 90 minutos convincentes após oito jogos. A mira fica sobre João Brigatti. As análises e julgamentos sobre o ex-goleiro são ríspidas, cruéis até.
Estou tranquilo para discorrer sobre o tema. Fui um de seus críticos mais ácidos na passagem anterior. E penso que por vezes alguns processos são esquecidos no mundo do futebol.
João Brigatti iniciou sua carreira como treinador tardiamente. Exerceu a função de preparador de goleiros e depois de auxiliar técnico. Quando assumiu a Macaca transpôs ao gramado os conceitos que lhe fizeram alguém reconhecido na bola: motivação, otimismo e uma boa dose de vibração. Em muitos momentos deu certo na Macaca, no Paysandu e especialmente no Sampaio Côrrea, quando conseguiu no ano passado o acesso à Série B. Essa característica motivacional veio temperada com conceitos defensivos fortes e um contra-ataque azeitado. Foi assim que desembarcou na Alvinegra neste ano.
Durante a pandemia a diretoria começou a se mexer e fez contratações. Muitas delas voltadas ao setor ofensivo. O leque de opções aumentou. Ao contrário de muitos treinadores teimosos, João Brigatti teve a humildade de pegar o caderno, caneta, lápis e borracha e voltou a estudar. Fez cursos para ter um contato próximo com novos conceitos do futebol.
Por que? Por que teria que montar equipes com atletas cuja característica ele nunca teve oportunidade de trabalhar. De maneira sensata, Brigatti foi adquirir instrumentos para lidar com esse novo desafio. Adquiriu conhecimento. Algo que merece aplausos. Especialmente porque sabemos que existem no futebol pessoas resistentes ao futebol e ao mundo acadêmico.
O raro leitor deve perguntar-se: então porque o futebol não flui de modo imediato? Resposta simples: o aprendizado tem a etapa da absorção e posterior aplicação. E no começo é natural que você caia no sistema de tentativa e erro até adaptar-se a bagagem adquirida. Ou você já viu um motorista com carta recentemente emitida dirigir como um profissional pelas ruas da cidade? Não existe.
E perceba que, apesar dos problemas , um processo de evolução já é sentido em alguns compartimentos. Se Apodi e Guilherme Lazaroni exibem um futebol melhor certamente a comissão técnica tem participação nisso.
E para terminar: o torcedor pontepretano já teve paciência com tanto “professor pardal” sentado no banco de reservas porque deve nutrir má vontade com alguém que genuinamente tem amor pela instituição? Pense nisso.
(Elias Aredes Junior)