O futebol tem ambiente com viés autoritária. Todos somos. Consideramos que o nosso conceito é o único que presta. Isso vale para cronistas esportivos, dirigentes, torcedores jogadores e treinadores. Não somos abertos ao contraditório. Se um técnico assume determinado clube, ele tem que fazer aquilo que o senso comum considera correto. Ponto final. Sem espaço. Convenhamos: isso passa longe de ser democrático.
Pegue o exemplo do Guarani. O repórter da Rádio Bandeirantes, Marcos Luiz, fez uma pergunta para Sérgio Baresi sobre a ausência de Murilo Rangel no time titular.
Afinal, o camisa 91 saiu no intervalo do dérbi por Ricardo Catalá e até aquele momento era o melhor em campo. Felipe Conceição lhe colocou no banco de reservas e Sérgio Baresi, de modo correto, entendeu a decisão como natural. “Em relação ao (Murilo) Rangel, foi uma opção do Felipe (Conceição). Eu tenho certeza de que, daqui para frente, de acordo com os treinamentos e com os trabalhos, ele vai saber reavaliar a questão do Rangel. Eu tenho certeza de que isso aí vai potencializar mais ainda o grupo. Com certeza, em um futuro próximo aí, a gente vai torcer muito e saber que o Rangel vai estar entre os 11, com certeza.”, afirmou.
Agora, faço a pergunta: qual o problema do treinador chegar a conclusão momentânea de que Murilo Rangel não é adequado? Eu, particularmente, acho o jogador muito bom tanto na parte técnica como na visão de jogo. Deveria ser titular. Mas é a MINHA visão. Felipe Conceição deve ter outro conceito. Qual o problema? Pelo que se viu, ele quer um time veloz, vertical, que não troque tantos passes. Murilo Rangel encaixa-se no cenário? Os treinamentos vão dizer.
Detalhe: cada caso é um caso. Com Thiago Carpini, cujo conceito era a valorização da posse de bola, era evidente que existia a necessidade de um volante versátil, seja para defender como para atacar. Por isso, a estranheza pela exclusão de Ricardinho, hoje no Sport.
Agora, é diferente. Felipe Conceição precisa ter a liberdade e o tempo de implantar as suas ideias e conceitos. Sem patrulha. E o principal: que ele arque com as consequências de suas escolhas. Para o bem ou para o mal.
(Elias Aredes Junior)