O desempenho é ruim. São três vitórias, quatro empates e quatro derrotas. Aproveitamento de 39,39%. Empatar com o Sampaio Correa apenas deixou evidente que o técnico Marcelo Oliveira não goza de situação confortável. Pelo contrário. O quadro foi admitido por ele na entrevista coletiva.
A declaração não poderia ser mais enfática: “ O técnico brasileiro, culturalmente, está ameaçado toda terça-feira, toda quarta, toda sexta, todo sábado, todo domingo. Essa é a cultura que prevalece. Estou dando o meu melhor, como toda a comissão e todo o elenco. Eles querem ganhar muito os jogos, e às vezes o resultado está fugindo pelos dedos. Estamos aí para trabalhar e cumprir o contrato até o fim”, afirmou o técnico.
Não somos videntes. Nem entramos na mente das pessoas. Só que é inescapável a sensação de enfado que Marcelo Oliveira transmite a cada entrevista. Não pela pressão e sim pelo quadro já vivido por outros treinadores e dirigentes do departamento de futebol: são eles contra o mundo. E a diretoria executiva? Nada de respaldo.
Ninguém aqui relativiza a culpa do técnico. Por sua história e trajetória, a Macaca de Marcelo Oliveira deveria exibir um futebol melhor. O time não se entrosa, não embala, não empolga. Fatos inquestionáveis.
O torcedor fica de saco cheio, o treinador idem, os jogadores acuados e os vilões da história são inocentados.
“Ah, Elias mas de novo essa história”. Sim. De novo. E falarei quantas vezes for necessária. São três anos na Série B. Sem campanhas consistentes com começo, meio e fim. Se esse calvário é vivido foi porque o ex-presidente Vanderlei Pereira, respaldado por Sérgio Carnielli, tiveram o maior orçamento da história do clube na mão e caíram de divisão. Fato.
Se ninguém coragem de dizer, este colunista afirma: todas as vezes que Carnielli e Pereira mexeram diretamente com o futebol o fracasso foi colhido.
De 1997 até meados de 2006 o time ficou nas mãos de Marco Antonio Eberlin e o time não caiu; após a sua saída, a equipe caiu no Brasileirão e ficou cinco edições na Série B. Só saiu do limbo em 2011 quando a gestão do futebol foi entregue a Márcio Della Volpe e Miguel Di Ciurcio; Della Volpe brigou com Carnielli, abriu mão do comando do futebol e o prêmio foi o rebaixamento em 2013 no Brasileirão.
No ano seguinte, por iniciativa pura e exclusiva do técnico Guto Ferreira e do então gerente Gustavo Bueno o time subiu. Sem ingerência administrativa de Carnielli. Em 2017, a interferência voltou com tudo e apesar do vice-campeonato paulista, o rebaixamento foi colhido.
Agora, em 2020, este jornalista, em apuração feita nos últimos dias detectou que não faltou vontade por parte de Sérgio Carnielli para querer interferir na gestão do dia a dia do futebol. Deu no que deu.
Quer saber? Se fosse Marcelo Oliveira também estaria de saco cheio.
(Elias Aredes Junior)