Futebol paulista retorna. Um fato viabilizado após o Ministério Público vencer a FPF e os clubes. De goleada.

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Clubes, dirigentes, Federação Paulista e até parte da imprensa do estado de São Paulo vão anunciar aos quatro ventos que o futebol vai retornar ao estado. Um detalhe é esquecido: o retorno só foi possível porque o Ministério Público ganhou o embate. De goleada. Um 7 a 1 com ares de humilhação.

Faça uma retrospectiva. Quando os jogos foram proibidos, no dia 15 de março, a Federação Paulista de Futebol e os clubes fizeram reuniões e comunicados para dizer em alto e bom som que queriam a manutenção dos jogos e sem mudança alguma no protocolo. O argumento? De que ele era seguro. Ponto final. Sem negociação.

O Ministério Público bateu o pé, sustentou a proibição. Para fugir do cerco judicial, os clubes da Série A-1 e a própria Federação Paulista cogitaram realizar jogos em outro estado. Corinthians e Palmeiras atuaram em Volta Redonda, mas o cerco judiciário no próprio estado do Rio de Janeiro impediu que o Santos jogasse contra a Ponte Preta. Enquanto isso, em São Paulo, o Ministério Público não arredava do pé da sua intenção de proibir as partidas.

A Federação e os clubes capitularam. Ficaram de joelhos. Tiveram que fazer modificações profundas no protocolo. O que há três semanas era enaltecido como seguro foi jogado na lata do lixo. Simples assim.

As regras mudaram. Rigidez ao extremo. Em caso de algum atleta ou envolvido na estrutura do clube der positivo, será feito o rastreamento do contato. Testes no dia do jogo. Ou no dia anterior. Jogos à noite. Atletas vão entrar de máscara no gramado. Lembrem que o “protocolo seguro” não obrigava atletas a tal atitude.

A principal derrota dos clubes e da Federação Paulista está no item “O” do comunicado publicado no site da Federação Paulista. “A FPF e os clubes se comprometem a realizar campanhas de mídia, no intuito de promover a conscientização da população em relação às medidas de prevenção à COVID-19. Ambos deverão utilizar suas respectivas mídias e comunicações oficiais para tanto, a fim de estimular os torcedores a adotarem medidas de proteção em relação ao vírus. Inclusive, a FPF se compromete a divulgar as campanhas “#TorçaEmCasa” e “#UseMáscara” por meio de aplicações durante as partidas, em especial nos locais visíveis do campo de jogo. Por derradeiro, a FPF se compromete, ainda, a divulgar o protocolo aprovado em seu sítio eletrônico”.

Em resumo: a Federação, jogadores e os clubes não terão mais a primazia de se alienarem em relação ao quadro dramático vivido no Brasil, em que nos aproximamos dos 350 mil mortes. Não poderão pensar apenas em dinheiro e no critério técnico. Ou desprezar o sofrimento dos profissionais de saúde, que estão na linha de frente. O futebol, mesmo que indiretamente foi obrigado a se integrar na luta contra a Covid.

Os jogos vão voltar e o Ministério Público, representado pelo procurador Mário Sarrubbo enquadrou o futebol paulista e deixou o recado: o futebol, pelo seu dinheiro, poderio e influencia pode muita coisa. Mas não pode tudo. Sandálias da humildade não fazem a ninguém.

(Elias Aredes Junior)